Ai Weiwei quer erigir um monumento aos refugiados na ilha de Lesbos
O artista chinês já tem um atelier em Lesbos para concretizar os seus projectos e quer que as pessoas tomem consciência do que se está a passar.
O célebre artista chinês dissidente Ai Weiwei anunciou esta sexta-feira a sua intenção de criar na ilha de Lesbos, na Grécia, um memorial que evoque a situação trágica dos refugiados, e daqueles que morreram a tentar chegar à Europa através do mar.
“Muitas pessoas perderam a vida no mar (…) é necessário erguer um monumento”, explicou Ai Weiwei à AFP durante uma conferência de imprensa que deu para anunciar os projectos.
“Já tenho um atelier em Lesbos” , disse o artista, explicando também que muitos dos seus alunos e os seus ateliers na China e na Alemanha participarão em “diferentes projectos”.
“Este é um momento histórico, qualquer que seja a perspectiva onde nos coloquemos. Enquanto artista, quero estar mais implicado, quero [criar] obras ligadas a esta crise capazes de suscitar uma tomada de consciência”, acrescentou.
O artista, de 58 anos, visitou esta semana vários campos de refugiados e também os lugares por onde chegam à ilha de Lesbos os refugiados vindos da vizinha Turquia. Ai Weiwei partilhou nas redes sociais, nas suas contas no Twitter e no Instagram, imagens e vídeos que ficam como testemunho daquilo que por lá se tem passado.
Numa das fotografias vê-se o artista numa das praias onde costumam aportar os refugiados oriundos da Síria, Afeganistão e Iraque - na tentativa de escaparem e sobreviverem aos conflitos - pegando num colete salva-vidas de uma criança, um objecto que se tornou um símbolo do êxodo que está a acontecer desde Janeiro do ano passado, com quase 700 pessoas afogadas, na sua maioria crianças, a tentar a travessia entre a Turquia e a Grécia.
Ai Weiwei, um feroz crítico do regime chinês, tem viajado muito desde que recuperou em Julho passado o seu passaporte, quatro anos depois de este lhe ter sido confiscado pelas autoridades chinesas. Durante uma visita a Londres em Setembro, disse estar muito “orgulhoso” da maneira “civilizada” como a Alemanha – país onde vive o seu filho – tinha decidido acolher os refugiados.