Morreu o escultor Jaime Azinheira
Era conhecido pelas esculturas feitas em materiais frágeis e pela figuras pitorescas. Tinha 71 anos.
O escultor, pintor e professor universitário Jaime Azinheira morreu esta segunda-feira, no Porto, onde residia, devido a um cancro. Tinha 71 anos. Conhecido pelas esculturas feitas em materiais frágeis, criou objectos artísticos expressivos, volumosos, até monstruosos, mas muito humanos. Pelos materiais que trabalhou – gessos de grandes dimensões, peças em papel e polivinilo – e pelas situações que caracterizou, figuras pitorescas, tão poéticas quanto trágicas, ocupa um lugar singular na escultura portuguesa.
Exemplos disso são as esculturas Scarface (1986), obra em papel com vinílica e pintura acrílica, mostrada numa exposição na Cooperativa Árvore; O beijo (1982), em gesso policromado (1982), obra que pertence ao Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian; e Jornal (1984), escultura em gesso policromado, propriedade da Câmara de Vila Nova de Gaia.
Jaime Azinheira nasceu em Peniche, em 1944. Em 1980 concluiu o curso de escultura da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), começando a expor regularmente a partir daí. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, a meio dos anos 1960 e no início dos 1980, tendo tido uma carreira docente na ESBAP.
A sua primeira exposição individual de escultura, intitulada Serões – cinco histórias em três dimensões, foi realizada na Cooperativa Árvore em 1982. Durante a década de 1980 construiu essencialmente cenas satíricas, com figuras volumosas em gesso policromado. As composições, com algo de teatral, representavam situações do quotidiano com personagens amorfas e caricaturais.
Ao longo dos anos participou em várias exposições em Portugal e no estrangeiro, encontrando-se a sua obra representada em colecções privadas e públicas como a do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, da Fundação Serralves do Porto, da Casa Museu Teixeira Lopes de Vila Nova de Gaia ou da Colecção da Câmara de Vila Nova de Cerveira. Foi também autor de várias obras públicas.
Ao longo dos anos fez cenografias, figurinos ou máscaras destinadas a teatro (como as de Carlo Gozzi e Boris Vian, para os Comediantes do Porto e para o TEUC – Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, ou para a companhia O Bando), tendo aliás ganho o Prémio Garrett de Teatro em 1988, instituído pela Secretaria de Estado da Cultura, pela cenografia Pássaro verde, e dedicou-se também ao design de equipamento e de comunicação.
Deixa a esposa, a artista Elsa César, e três filhos, a artista plástica Filipa César, o realizador Alexandre Azinheira e a bióloga Catarina Azinheira.