Cleese regressa a Fawlty Towers, ainda que apenas para uma publicidade

Quase quatro décadas depois, o comediante recriou um momento da sua icónica série de humor.

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Cleese voltou a ser Basil Fawlty DR

Basil Fawlty está de volta à televisão, 36 anos depois do fim daquela que é hoje uma das séries mais icónicas da história da comédia. Não, não se trata de um regresso de Fawlty Towers, mas apenas de John Cleese ao papel do hoteleiro Basil para um anúncio televisivo a uma cadeia de ópticas.

Fala-se em John Cleese e duas coisas vêm imediatamente à memória: Monty Python e Fawlty Towers. Aos Monty Python, o britânico de 76 anos regressou no ano passado com os dez espectáculos esgotados em Londres; a Fawlty Towers regressa agora – ainda que apenas por uns minutos. John Cleese aceitou recriar uma cena da sua famosa série para a Specsavers, uma cadeia britânica de ópticas.

O actor, humorista e argumentista – entre outras coisas –, voltou ao sketch de 1975 no qual Basil “dá uma lição” ao carro que deixou de funcionar. Enervado e atabalhoado, como nos habituou, Basil volta a pegar num ramo para bater no carro, agora como castigo por o GPS não entender as suas indicações. Em 2015, como em 1975, com a diferença de que nesta vez Basil confunde-se e acaba a bater no carro errado que, por sinal, pertence à polícia.

Cleese aceitou voltar à icónica personagem, ajudando a reescrever a cena para o anúncio publicitário, por acreditar que o momento poderia ser “genuinamente divertido”. “Muitas pessoas enviam-me argumentos de Fawlty Towers, ou argumentos para o Basil, e são sempre absolutamente horríveis”, diz o actor, citado pela BBC, contando que quando recebeu a proposta da Specsavers, já com a ideia delineada, percebeu que esta poderia resultar.

“Estas pessoas tinham uma ideia”, continua o actor, explicando que encontrou a “simpática” equipa “e em 20 minutos o argumento estava escrito”. “Era um bocado óbvio.”

O anúncio televisivo, realizado por Tim Bullock, acontece num momento da vida de Cleese em que este assume não estar mais virado para a televisão. Ainda há pouco tempo, o britânico garantiu numa entrevista à revista Shortlist que não o voltaríamos a ver no pequeno ecrã, principalmente na casa onde foi feliz durante tantos anos, a BBC. “De maneira nenhuma quero voltar a trabalhar em televisão, especialmente na BBC. Tenho este sentimento horrível de que uma larga proporção dos editores não fazem ideia do que estão a fazer”, argumentou então.

Foi na BBC, primeiro na rádio e depois na televisão, que Cleese começou a sua carreira. Foi na estação pública britânica que ganhou notoriedade, desde logo ao lado de Graham Chapman (que morreu de cancro em 1989), Eric Idle, Terry Gilliam, Michael Palin e Terry Jones. Em 1969, os Monty Python estreavam-se com Flying Circus (Os Malucos do Circo, em Portugal) e nunca nada voltava a ser igual.

Cleese aventurou-se depois em Fawlty Towers e 12 episódios bastaram para que a série entrasse para a história da comédia televisiva. Foram duas temporadas, de seis episódios cada, passadas no hotel de Basil Fawlty, um homem ansioso por subir na vida e com muito pouca paciência para os pedidos dos seus hóspedes comuns. Queria ele receber outro tipo de hóspedes, pessoas mais importantes.

Fawlty Towers, que partiu de uma ideia de Cleese com a sua mulher de então Connie Booth (Polly Sherman na série) foi exibida entre 1975 e 1979 – por cá chegou apenas nos anos 1980. Por várias vezes, o actor contou que os dois não fizeram mais episódios, apesar das muitas propostas, para que a qualidade não se perdesse.

Esta não é a primeira vez que John Cleese, que no final de 2014 editou a autobiografia Ora, como eu dizia... (Planeta, 2015), se associa a uma marca, já o havíamos visto em publicidades para a Sainsbury's ou a Schweppes. De lembrar, como o próprio tantas vezes refere, que há uma pensão anual por pagar à sua última mulher, Alyce Faye Eichelberger. Já quando os Monty Python anunciaram o inusitado regresso aos palcos no ano passado, Cleese não escondeu que o dinheiro lhe fazia falta.

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