É de quê o whisky?
Já era altura de sabermos ao certo quais são os cereais, para além da cevada, que contêm os whiskies que bebemos.
Caiu-me o monóculo quando li num anúncio do PÚBLICO de ontem que "The Famous Grouse é um blend dos melhores whiskies de malte e grão". Certifiquei-me: nunca houve um único grão de grão em qualquer garrafa de Famous Grouse. Ou de outro whisky qualquer, por muito bera que seja.
Os whiskies que são blends contêm o que a indústria chama, com acintosa ambiguidade, grain whiskies. São produzidos por destilação contínua a partir de uma mistura de cereais como centeio, milho, trigo, aveia e até cevada.
Claro que é preciso talento para obter uma boa e barata combinação de cereais com um sabor capaz de fazer esticar os whiskies de malte que são a base de um bom blend.
Não é uma lei infalível mas quanto mais e melhores os maltes incluidos no blend melhor tenderá a ser o whisky final. Claro que a arte mais difícil é conjugar os whiskies de malte com os whiskies de outros cereais de maneira a obter um blend que, apesar das variações anuais nos muitos whiskies constituintes, consiga manter um sabor próprio e único ao longo dos tempos.
O whisky Famous Grouse é famoso por ser o whisky mais bebido pelos clientes mais difíceis do mundo: os escoceses, que sabem que lá cantam dois grandes maltes como o Macallan e o Highland Park.
Mas já era altura de sabermos ao certo quais são os cereais, para além da cevada, que contêm os whiskies que bebemos. E, porque não, como nos whiskies americanos, termos uma vaga ideia das percentagens de cada um?