Bastonário pede reforma dos cuidados de saúde primários

José Manuel Silva tem "expectativas muito positivas" quanto ao novo ministro.

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Subornos em obras de centros de saúde terão permitido ao suspeito arrecadar mais de um milhão de euros. Paulo Pimenta

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, revelou neste sábado, no Porto, ter "expectativas muito positivas" para a futura actuação do novo ministro da Saúde e elege a "reforma dos cuidados de saúde primários" como a principal preocupação.

"Há várias medidas urgentes, mas a primeira grande preocupação de qualquer ministro da Saúde terá que ser com a reforma dos cuidados de saúde primários. Todo o Sistema de Saúde estará desequilibrado enquanto houver cidadãos portugueses sem acesso a um médico de família. Essa deve ser a grande preocupação", declarou o bastonário da Ordem dos Médicos, à margem XVIII Congresso Nacional de Medicina, que termina neste sábado.

José Manuel da Silva reconheceu várias qualidades ao novo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e disse que este oferece todas as "expectativas positivas". "Este ministro oferece-nos todas as expectativas positivas. É uma pessoa conhecida e reconhecida pela sua qualidade, pela sua formação, pela sua competência, pela sua experiência e pela sua capacidade de diálogo. Portanto, temos fundamentadamente expectativas muito positivas quanto aquilo que irá ser a sua actuação como ministro da Saúde, até porque é alguém que tem uma sensibilidade e uma preocupação especial para com a qualidade dos serviços de saúde e o Serviço Nacional de Saúde".

A outra preocupação que o bastonário da Ordem dos Médicos destacou como urgente prende-se com uma aposta na "prevenção" para reduzir custos na Saúde. "É uma forma positiva e construtiva de reduzir os custos em Saúde", declarou, lamentando que se tenham perdido "quatro anos de total ausência de aposta na prevenção" e dando o exemplo da diabetes. "Se pensarmos no exemplo da diabetes (...), a diabetes de adulto é praticamente uma doença totalmente previsível com um estilo de vida saudável, e gastando Portugal 1% do Produto Interno Bruto com a diabetes, é lamentável que não se tenha apostado na prevenção da diabetes e toda a constelação de factores de risco que lhe estão associados, nos últimos quatro anos" e há vários meios de o fazer, é uma forma de reduzir os custos de forma inteligente e melhorando a qualidade de vida das pessoas".

Alguns dos temas em destaque no XVIII Congresso Nacional de Medicina foram: o enquadramento jurídico do acto médico "como um imperativo constitucional" e a necessidade de proteger o doente e combater a corrupção.

"A escolha do tema "Acto médico - dos médicos, pelos doentes" prende-se com a urgência em informar a sociedade civil e alertar os decisores políticos da necessidade de enquadrar juridicamente o acto médico, como imperativo constitucional", defendeu Miguel Guimarães, presidente do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos e presidente executivo do congresso, referindo que um dos principais objectivos do evento é recolocar na agenda política o "acto médico".