Politécnico do Ave investiga praxe violenta

Caloiro terá sido açoitado por aluno mais velho com um cinto. Rituais foram suspensos por tempo indeterminado.

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Alunos que recusam as praxes são frequentemente excluídos Fernando Veludo

A suspeita de que um aluno terá sido açoitado com um cinto durante uma praxe levou o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave a suspender por tempo indeterminado estes rituais e a abrir uma investigação. Não fez, porém, qualquer queixa às autoridades.

A direcção da instituição foi alertada para o caso pelo Jornal de Notícias, segundo o qual tudo se passou há cerca de um mês, dentro do campus do instituto. A publicação cita uma testemunha, segundo a qual um caloiro que estava proibido de rir e de olhar para os veteranos não conseguia parar de gargalhar. Foi então, segundo o mesmo relato, que o colocaram de joelhos e mãos no chão e o açoitaram com um cinto na zona lombar. Temendo retaliações, o jovem não terá apresentado queixa pelo sucedido, apesar de a agressão ter deixado marcas.

Um porta-voz do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave,  Pedro Bessa, confirmou ao PÚBLICO que as actividades de praxe foram suspensas por tempo indeterminado, tendo sido aberto um processo de averiguações cuja conclusão deve “estar para breve”. A investigação do caso ficou a cargo da provedora do estudante, a docente Irene Portela.

No despacho em que concedia dispensa das aulas aos estudantes entre 21 e 23 de Outubro, para que pudessem participar na semana do caloiro, o vice-presidente desta instituição de ensino superior, Veloso da Silva, escreveu que essa dispensa pressupunha que fossem “garantidos os direitos fundamentais de todos, nomeadamente os valores da liberdade, do respeito pelos outros e da dignidade humana”.

“O regulamento disciplinar do estudante diz que ninguém pode ser obrigado à praxe”, acrescenta Pedro Bessa, que garante que foram raras as vezes em que os rituais causaram problemas neste estabelecimento, tirando um caso de consumo excessivo de álcool em 2013. “Da parte do instituto não houve qualquer queixa na PSP relacionada com este incidente” do mês passado, acrescentou. Um livro de 2011, intitulado Desobedecer à Praxe, dava conta de que o Politécnico do Cávado e do Ave era uma das instituições de ensino superior portuguesas em que os caloiros que se quisessem eximir aos rituais tinham de o pedir expressamente, sendo então convocados para uma reunião com o conselho de veteranos, para exporem o seu caso.

 

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