O 25 de Novembro e a opção ocidental

Por que motivo estarão tantas pessoas a evocar o 25 de Novembro — sem subsídios do Estado, ou sequer de partidos políticos?

Na próxima quarta-feira, depois de amanhã, terão passado 40 anos após o 25 de Novembro de 1975. A efeméride tem sido assinalada por um vasto programa de iniciativas da sociedade civil, impulsionado por uma comissão constituída por António Barreto, João Salgueiro, Luís Aires de Barros, (General) Luís Valença Pinto, Manuel Braga da Cruz e (General) Vasco Rocha Vieira.

O primeiro dos quinze eventos previstos no programa teve lugar a 17 de Setembro, na Sociedade de Geografia de Lisboa, com uma intervenção de João Salgueiro sobre “Impactos do 25 de Novembro: Portugal no contexto europeu”. A última sessão terá lugar na Fundação Gulbenkian, pelas 9h30 (da manhã) de dia 4 de Dezembro. Um primeiro painel incluirá Maria João Avillez, Dinis de Abreu, José Manuel Fernandes e Mário Mesquita. O segundo e último painel terá como oradores Artur Santos Silva, Vasco Rocha Vieira, António Barreto e Francisco Pinto Balsemão.

No âmbito deste programa, o Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (IEP-UCP) e o Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI-UNL) promovem duas iniciativas conjuntas — à semelhança do que fizeram no ano passado, para celebrar os 40 anos do 25 de Abril de 1974. A primeira teve lugar na passada quinta-feira, no IEP-UCP, sobre “O impacto do 25 de Novembro na Assembleia Constituinte”, e contou com a participação de Manuel Braga da Cruz, Jorge Miranda, David Castaño, Maria Inácia Rezzola, Pedro Roseta e Carlos Gaspar. A segunda iniciativa conjunta, sobre “O impacto do 25 de Novembro na política externa portuguesa”, terá lugar na UNL a 2 de Dezembro, com Carlos Gaspar, Ana Mónica Fonseca, Lívia Franco e Miguel Monjardino.

Por que motivo estarão tantas pessoas a evocar o 25 de Novembro de 1975 — sem subsídios do Estado, ou sequer de partidos políticos? A pergunta talvez tenha alguma pertinência, sobretudo quando, precisamente na passada quinta-feira, PS, BE e PCP decidiram no Parlamento que a celebração dos 40 anos do 25 de Novembro não tinha relevância.

Escrevendo no “Expresso” digital da passada sexta-feira, e reagindo contra a decisão daqueles partidos no dia anterior, Henrique Monteiro sugeriu uma resposta a essa pergunta:

 “Renegar o 25 de Novembro é concordar com o caminho anterior: nacionalizações da banca, dos seguros, dos jornais, de tudo; unidades coletivas de produção agrícola depois de expulsos os seus legítimos proprietários; saneamentos selvagens nas empresas de todos os que não seguiam a linha política oficial do Governo e do PCP; ocupação de emissoras e de jornais que lhe fugiam ao controlo; barricadas nas ruas para controlar quem se queria manifestar contra o caminho que o país levava; cercos ao Parlamento e ao Governo contra as medidas ali democraticamente aprovadas. (…) Mário Soares sempre falou desta data [25 de Novembro] como a reposição da pureza original do 25 de Abril.”

Exactamente a mesma posição é defendida pelos promotores das comemorações do 25 de Novembro (acima referidos):

 

“O 25 de Novembro não foi uma tentativa de contrariar mas sim de repor o 25 de Abril. Quando nesse mesmo dia Melo Antunes foi à televisão reivindicar a presença imprescindível do PCP e dos derrotados no 25 de Novembro no processo político da transição, estava precisamente a fazer a defesa da democratização, e a tentar impedir qualquer interpretação revanchista do 25 de Novembro, que o fizesse contrapor ao 25 de Abril, como alguns pretendiam. Com o 25 de Novembro, o ideal democrático do 25 de Abril voltou a vigorar como orientação do processo de transição.”

 

Embaixador dos EUA em Lisboa confessou estar preocupado com a situação política em Portugal, em entrevista à Rádio Renascença. Por um lado, disse Robert Sherman, “temos o PS e António Costa, que reafirmou em larga medida o compromisso do seu partido com a NATO, com a UE e organizações semelhantes. Por outro lado, temos os seus parceiros de aliança — o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda — que têm sido ferozmente anti-NATO. Isso levanta a questão sobre se o compromisso de Portugal, como membro fundador da NATO, é firme como sempre foi”

 

A Minha Europa é o novo livro de Maria Filomena Mónica, com fotografias de António Barreto, que será apresentado precisamente no 25 de Novembro, no El Corte Inglés, por Jaime Gama. Um excelente programa para celebrar a opção europeia, atlântica e ocidental que o 25 de Novembro consagrou, há 40 anos.

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