Objecto desconhecido cai na Terra na sexta-feira

Cientistas admitem tratar-se de lixo espacial.

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O impacto está marcado para as 6h20 de dia 13 a 65 quilómetros a sul do Sri Lanka AFP/ESA (arquivo)

Um objecto desconhecido vai cair na Terra na próxima sexta-feira, no oceano índico (perto do Sri Lanka), admitindo os cientistas que se trate de um pedaço de lixo espacial.

Diversas publicações da especialidade estão a noticiar a queda do objecto, baptizado com o nome WT1190F. A revista Nature escreve que a queda do objecto, que não deve de ter mais de dois metros, é uma oportunidade para os cientistas não só estudarem a passagem do objecto pela atmosfera como testar os planos dos astrónomos para coordenar esforços se alguma vez cair um objecto potencialmente perigoso.

O objecto foi descoberto pelo Catalina Sky Survey, um programa na Universidade do Arizona (Estados Unidos) destinado a descobrir asteróides e cometas que passem perto da terra. Diz a revista que os cientistas conseguiram calcular a trajectória do objecto e descobrir que vai cair às 6h20 (TMG, mesma hora de Portugal) de dia 13 a 65 quilómetros a sul do Sri Lanka.

Jonathan McDowell, astrofísico do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, Cambridge (Massachusetts), citado pela Nature, diz que se trata de um objecto com um a dois metros e que a trajectória indica que tem baixa densidade, pelo que deve de ser oco.

Isso sugere um objecto artificial, "um pedaço perdido da história espacial ", disse o responsável, admitindo que se trate de um pedaço de foguete ou de painéis de uma missão à Lua, se calhar de há décadas, até mesmo da missão Apollo (o programa da NASA que levou o homem à Lua no final da década de 1960).

Os cientistas dizem que deverá haver muito mais lixo espacial na órbita da Terra, algo que Rui Agostinho, astrónomo, considera normal e inofensivo.

Questionado pela agência Lusa, o especialista do Observatório Astronómico de Lisboa considerou que o mais provável é que o WT1190F se desfaça na atmosfera, porque é o que acontece a quase todos os objectos, salvo os habitáculos, porque foram concebidos para resistir ao atrito.

"Tudo o que é restos de satélites, peças, é robusto mas não aguenta o aquecimento na reentrada na atmosfera", pelo que é desnecessário ter medo, "tanto mais que vai cair no mar", disse à Lusa, explicando que é ínfima a probabilidade de alguma vez a queda na Terra de algum lixo espacial provocar danos humanos.

O astrónomo e astrofísico Rui Agostinho explicou que todo o lixo espacial que orbita a Terra acabará por reentrar na atmosfera e desfazer-se. É que objectos em órbitas baixas (400 quilómetros) sentem ainda assim alguma fricção atmosférica (ainda que 99,9 por cento dessa pressão esteja até 50 quilómetros).

O que acontece, acrescentou, é que esses objectos são continuamente travados por essa "micro-atmosfera" e por isso perdem velocidade e aproximam-se do planeta, onde o número de moléculas aumenta e acelera a travagem e por isso a queda.

Rui Agostinho diz que preocupante seria a queda de uma estação espacial, mas mesmo assim a entrada na atmosfera, e por conseguinte o local da queda, seria controlada.

Apesar da tranquilidade científica a queda no planeta de um objecto desconhecido, a uma sexta-feira dia 13, está a permitir várias leituras. Imprensa especializada e generalista tem destacado o facto de se tratar de um "objecto misterioso".

Mas há também a teoria de que esse objecto nada tem de misterioso, é uma cápsula de outro planeta que se dirige a um portal ou a uma base extraterrestre que existe no mar, perto do Sri Lanka.