OCDE prevê que Portugal volte a divergir da zona euro

Projecção para a economia portuguesa aponta para ligeiro abrandamento para 1,6% em 2016 e 1,5% em 2017, com o défice sempre próximo, mas abaixo, dos 3% do PIB.

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Angel Gurria e a OCDE a que preside recomendam mais reformas a Portugal PÚBLICO/Arquivo

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) juntou-se à Comissão Europeia e ao FMI no grupo das entidades internacionais que não acreditam que a economia portuguesa consiga manter nos próximos anos uma tendência de aceleração da sua economia, permanecendo abaixo de taxas de crescimento de 2%.

No seu relatório semestral sobre a economia mundial publicado esta segunda-feira, o think tank internacional sedeado em Paris projecta que a economia portuguesa, depois de crescer 1,7% este ano, abrande progressivamente nos anos seguintes, crescendo 1,6% em 2016 e 1,5% em 2017.

Este desempenho voltaria a colocar Portugal, após um interregno em 2015, a divergir face à média da zona euro, já que as previsões da OCDE para a economia da moeda única são de um crescimento de 1,8% em 2016 e de 1,9% no ano seguinte.

A explicação dos técnicos da OCDE para esta previsão pessimista em relação à capacidade de Portugal para tornar mais forte a sua retoma está nas limitações que ainda estão por resolver ao nível da competitividade e do endividamento dos agentes económicos.

O relatório destaca que “é preciso aumentar mais o crescimento potencial para conseguir pôr a dívida pública e externa num caminho decrescente”. E defende que, para tal acontecer, é preciso fazer mais para libertar as empresas das teias do seu endividamento. “São essenciais mais esforços para reduzir a dívida das empresas, para que se possa fortalecer o investimento e acelerar a realocação do crédito em direcção ao sector dos bens transaccionáveis, o que seria particularmente benéfico para as empresas exportadoras”, afirma a OCDE.

Um “reforço da concorrência na energia e nos serviços profissionais” também é visto como fundamental para aumentar a capacidade de as empresas portuguesas competirem com o exterior.

É por isso que, também aqui repetindo o que têm sido as mensagens de outras instituições internacionais, a OCDE volta a pedir um reforço das reformas estruturais a realizar pelo país, que tem de partir, logo de início, de uma avaliação daquilo que realmente já foi feito. “É necessária uma avaliação global dos efeitos das recentes reformas estruturais, incluindo uma análise aos progressos feitos na sua aplicação”, afirma o relatório.

As autoridades portuguesas têm respondido a estes apelos a mais reformas estruturais e aos alertas em relação à possível desaceleração da economia com uma visão bastante mais optimista. No Programa de Estabilidade entregue em Bruxelas, o Governo acredita que, já a partir do próximo ano, Portugal chegará a taxas de crescimento superiores a 2% e que se irão estabilizar nos 2,4% a partir de 2017. O executivo defende também que as reformas estruturais que já foram feitas e lançadas são suficientes para garantir a aceleração da economia.

Ainda assim, do lado da OCDE, apesar do abrandamento económico previsto, antecipam-se reduções, “embora pequenas”, da taxa de desemprego nos próximos anos e a manutenção do défice público ligeiramente abaixo dos 3% do PIB a partir de 2016.

Em relação a 2015, a OCDE diz que "o Governo abrandou o ritmo de consolidação orçamental, e a despesa acima do orçamentado e um crescimento da receita mais baixo vão fazer com que seja mais difícil alcançar a meta de um défice de 2,7%” projectada no Orçamento do Estado.

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