Empréstimos de Portugal a outros Estados do euro representam 0,6% do PIB
Valor está entre os mais baixos da zona euro porque Portugal foi dispensado de emprestar mais a partir do momento em que chamou a troika.
Os empréstimos concedidos pelo Estado português a outros países da zona euro ascendiam, no final de 2014, a 1119 milhões de euros, um valor correspondente a 0,6% do PIB.
Os dados publicados esta quarta-feira pelo Eurostat pela primeira vez, confirmam que Portugal está entre os países que, em comparação com a dimensão da sua própria economia, tiveram de fazer um menor esforço para emprestar dinheiro aos Estados que solicitaram apoio financeiro durante a crise do euro.
A explicação para este contributo português mais reduzido é simples. Portugal foi também, em conjunto com a Grécia, Irlanda e Chipre um dos países que recorreu aos empréstimos dos seus parceiros, tendo por isso, a partir do momento em que chamou a troika, ficado dispensado de disponibilizar financiamento a outros Estados da zona euro.
Os 1119 milhões de euros de financiamento do Estado português a outros Estados europeus que são contabilizados pelo Eurostat são explicados pelo contributo nacional para os empréstimos bilaterais de emergência concedidos à Grécia a partir de 2010 e o apoio concedido no final desse mesmo ano à Irlanda.
No entanto, logo a partir de Maio de 2011, a data em que Portugal solicitou um apoio financeiro à troika, o país ficou dispensado pelos seus parceiros europeus de dar o seu contributo para os empréstimos a conceder a países em dificuldades na zona euro.
Com um montante equivalente a 0,6% do PIB, Portugal apenas fica acima da Irlanda, cujos empréstimos ascendem a 0,2% do PIB, e da Grécia, que não fez qualquer empréstimo. Também a Lituânia e a Letónia, que apenas entraram na zona euro em 2014, não têm qualquer empréstimo contabilizado.
De acordo com as contas do Eurostat, o país da zona euro que concedeu mais empréstimos em percentagem do PIB foi a Eslovénia, com um valor equivalente a 3,2% do PIB no final de 2014, seguida da Espanha e da Itália, com 2,9%. A Alemanha surge em sétimo lugar, com 2,4%.
Em termos absolutos, no entanto, devido à dimensão da sua economia, a Alemanha é o país que mais empréstimos concedeu, no valor de 69.804 milhões de euros, seguida pela França, com 52.362 milhões de euros.
Estes valores não incluem outro tipo de contributo que foi decidido a nível europeus para a Grécia e em que Portugal participou: a transferência pelos Estados dos lucros obtidos pelos respectivos bancos centrais com a compra e venda de títulos de dívida pública da Grécia.
Segundo maior défice
Na nota publicada esta quarta-feira, o Eurostat dá conta dos valores para o défice público e a dívida registados pelos países da União Europeia em 2014. Os números que tinham sido enviados pelo Instituto Nacional de Estatística no final de Setembro são confirmados, ou seja, um défice de 7,2% do PIB e uma dívida de 130,2%.
Com estes valores – que no caso do défice foram agravados pela contabilização da injecção de capital no Novo Banco – Portugal foi o segundo país da UE com o maior défice público em 2014, apenas superado por Chipre que registou um saldo negativo das contas públicas de 8,9%.
No caso da dívida pública, Portugal fica com o terceiro valor mais elevado, abaixo apenas da Grécia, que tem 178,6%, e da Itália, com 132,3%.
No total, a zona euro registou em 2014 um défice público equivalente a 2,6% do PIB, com uma dívida de 92,1%. No caso da UE, o défice é de 3% e a dívida de 86,8%.