Platini admite que pagamento de 1,8 milhões se baseou em "acordo de cavalheiros"

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SEBASTIAN DERUNGS/AFP

O presidente da UEFA, Michel Platini, admitiu nesta segunda-feira que a verba de 1,8 milhões de euros que recebeu do presidente da FIFA, Joseph Blatter, se baseia num acordo de cavalheiros e não num contrato escrito.

Numa entrevista ao jornal francês Le Monde, Platini, suspenso pelo Comité de Ética da FIFA por 90 dias, refere que “na legislação suíça um contrato verbal tem o mesmo valor de um contrato escrito”.

Platini disse ao jornal que o acordo foi feito em Singapura em 1998, quando Blatter, que também se encontra suspenso por 90 dias, lhe propôs que fosse seu conselheiro de futebol e lhe perguntou quanto queria ganhar.

“Disse a Blatter: ‘um milhão do que quiseres’. Era o mesmo que dizer-lhe ‘paga-me o que quiseres”, explicou Platini, acrescentando que Blatter lhe disse que, em francos suíços, esse valor triplicava o salário do secretário-geral da FIFA, pelo que deveria baixá-lo.

O presidente da UEFA terá então proposto receber uma verba anual de 300.000 francos suíços (cerca de 277.000 euros) e a liquidação, mais tarde, de uma verba que considerassem adequada.

“Só que esse ‘mais tarde’ nunca chegou” assegurou Platini, reiterando que é uma pessoa de bem que não pensa em dinheiro.

Platini, que preside à UEFA desde 2007, garantiu que a troco dessa remuneração reformou o calendário mundial de competições, desenvolveu um projecto para apoiar as federações mais pobres e acompanhou Blatter em muitas viagens.

“Trabalhei muito e há muitas pessoas que podem comprovar isso”, acrescentou Platini, não descartando a hipótese de Blatter ter filtrado informação sobre o caso para o prejudicar. Na sexta-feira, Joseph Blatter afirmou que o pagamento de 1,8 milhões de euros a Michel Platini “foi um acordo de cavalheiros”.

Na entrevista ao Le Monde, Platini considera ser o único que pode fazer “com que a FIFA volte a ser a casa do futebol”.

Platini foi suspenso por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA a 8 de Outubro, tal como o presidente e o secretário-geral do organismo regulador do futebol mundial, o suíço Joseph Blatter e o francês Jérôme Valcke, respectivamente, por implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.

O Comité de Ética da FIFA suspendeu por seis anos o sul-coreano Chung Mong-Joon, que, tal como Platini, tinha manifestado intenção de se candidatar à presidência da FIFA.