Paredes de Coura prepara plano para proteger e valorizar a paisagem

Objectivo do município é preservar a paisagem rural em harmonia com o desenvolvimento sustentável do concelho.

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"Paredes de Coura tem uma identidade muito rural, marcada pelo minifúndio e pelos socalcos, mas também tem indústria. Uma coisa não é incompatível com a outra", defende Vítor Paulo Pereira, sublinhando a necessidade encontrar um equilíbrio nesta balança. O autarca apresentou os objectivos do plano neste domingo, no Forum Internacional sobre a Paisagem do Sudoeste Europeu, que decorre pela primeira vez em Portugal, no Museu de Serralves, no Porto, até terça-feira.

O Plano de Paisagem irá definir as medidas a tomar para "ordenar a paisagem com vista à sua valorização", conciliando o desenvolvimento económico com o "valor intrínseco" do território, explica o autarca socialista. E exemplifica: "As indústrias da celulose não têm que fechar mas não podemos transformar o país num grande eucaliptal, porque assim não estaremos a preservar o interesse turístico do país."

No início deste ano, Portugal foi eleito o sexto país mais bonito do mundo, pelo portal de viagens UCity Guides, precisamente pela beleza das suas paisagens. "Classificações como esta dão-nos responsabilidades acrescidas. Como podemos ter turismo se não cuidarmos das paisagens?", argumenta Vítor Paulo Pereira, o autarca que é músico e foi professor de História.

O documento complementa outros instrumentos já em vigor, como o Plano Director Municipal, a Rede Natura (que abrange quase 5000 hectares) ou o Plano de Ordenamento da Paisagem Protegida do Corno do Bico (a única zona do concelho com esta classificação). Está a ser preparado pela câmara em parceria com a Cooperativa de Ensino Artístico do Porto, a organização de gestão da floresta Valminho Florestal e a empresa Leiras do Carvalhal. "Neste momento estamos a fazer o levantamento e diagnóstico dos recursos de ordem florestal, agrícola e patrimonial", diz Vítor Paulo Pereira, adiantando que o plano deverá estar concluído até ao final do ano para fundamentar uma futura candidatura a fundos comunitários, no âmbito do Portugal 2020.

Paredes de Coura vai assim ao encontro da Política Nacional de Arquitectura e Paisagem (PNAP), aprovada pelo Governo em Julho passado, e dos objectivos definidos na Convenção Europeia da Paisagem, que Portugal assinou há 15 anos. A PNAP considera a paisagem como "bem de interesse público" cuja valorização é "um factor e elemento-chave na garantia do bem-estar e da qualidade de vida dos cidadãos, no presente e no futuro". Na Resolução do Conselho de Ministros de 7 de Julho lê-se que "o nível local é um actor privilegiado" nesta valorização, pelas suas responsabilidades directas na gestão do uso do solo e no licenciamento de projectos urbanísticos.

 

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