A maioria dos trabalhadores do sexo no Norte usa preservativo
Estudo da Associação para o Planeamento da Família apresentado esta quarta-feira na Universidade do Porto.
Em entrevista à agência Lusa, Nuno Teixeira, coordenador do projecto ECOS - Educação, Conhecimento, Orientação e Saúde, revela que a maioria dos trabalhadores do sexo masculino na região Norte é de nacionalidade portuguesa e mora sozinha principalmente no Grande Porto, mas também em Braga, Vila do Conde, Felgueiras, Guimarães e Póvoa de Varzim.
O estudo baseia-se numa pequena amostra. "Tratou-se de uma amostra de conveniência recolhida através do método de snowball, onde participaram 57 indivíduos, aos quais foi atribuído o sexo masculino na altura do nascimento e todos eles a exercerem trabalho sexual na zona Norte do país", descreve o coordenador.
Os participantes têm idades compreendidas entre os 19 e os 54 anos, 28 nasceram em Portugal (49,1%) e 29 possuem outra nacionalidade (50,9%). Quase todos (98,2%) afirmaram ter realizado o teste Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH) e 21,1% revelam ser portadores do VIH.
No "sumário executivo" apresentado esta quarta-feira na Universidade do Porto, no seminário Corpos, Sexo e Territórios no Trabalho Sexual Masculino, pode ler-se que 30 indivíduos pensam em si próprios como homens (52,6%), 14 como mulheres (24,6%), 12 como transgéneros (21%), e um não sabe/não quer definir-se (1,8%).
De acordo com a mesma fonte, 26 indivíduos identificam-se como homossexuais, 13 como bissexuais, dez como heterossexuais e cinco como tendo outra orientação sexual (9,3%). "Quase 68% dos inquiridos estão desempregados e 58,5% reportam não ter qualquer outra fonte de rendimento para além do trabalho sexual. Nesse trabalho, valorizam a possibilidade de conhecer clientes importantes, ganhar dinheiro, aumentar a autoestima, e ir a hotéis, pensões e bares.
Nos últimos seis meses, a maioria dos participantes (73,7%) afirma ter usado preservativo em todos os actos sexuais profissionais e 21,1% em quase todos. Sobre o uso do preservativo em contexto pessoal nos últimos seis meses, a sua prevalência desce para 47,4%. O estudo revela que os participantes do questionário associam fortemente o uso do preservativo à prevenção da transmissão do VIH.