Ecco volta a investir em Portugal e vai ter 14 lojas da marca até 2017

Multinacional dinamarquesa de calçado emprega 1169 trabalhadores na fábrica portuguesa que produz 14.000 pares por dia e representa 15% da produção total do grupo.

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No início de 2006 a empresa despediu 60% dos trabalhadores Fernando Veludo/NFactos

Nos últimos três anos, investiram-se 20 milhões de euros na ampliação e reestruturação desta fábrica. A mão-de-obra qualificada e os incentivos fiscais e financeiros são apresentados como argumentos para este investimento da Ecco, uma das maiores empregadoras nacionais no sector do calçado. De 2,2 milhões de pares de sapatos produzidos na fábrica portuguesa em 2014, mais de 95% para exportação, a Ecco quer agora atingir os 2,8 milhões de pares em 2015 - ano em que o grupo espera crescer 5%. Em 2014 teve um volume de negócios global de 1,2 mil milhões de euros.

A estratégia está a mudar. Os mercados são mais exigentes, é preciso seguir tendências, perceber as preferências dos clientes. “Temos de estar sempre a mexer para alcançarmos outro nível, estamos sempre a pensar no próximo patamar. Novas gerações, novos sapatos. As exigências são diferentes”, refere Dieter Kasprzak, presidente e CEO do grupo Ecco que juntamente com outros responsáveis da empresa abriu as portas à imprensa esta quinta-feira para anunciar as alterações traçadas para Portugal.

O processo de expansão já está em marcha e coloca o nosso país num projecto-piloto de afirmação da marca em espaços feitos à sua medida. A Ecco quer ter 14 lojas próprias até 2017. Porto, Lisboa e Algarve são as localizações apetecíveis. Neste momento, tem apenas uma loja própria na fábrica e marca presença em três espaços em centros comerciais do norte do país. Na próxima semana, abre uma loja no Cascais Shopping e outra no Freeport Outlet Alcochete. “A fábrica está em Portugal e é onde se deve mostrar a marca. Produzirmos em Portugal e não termos lojas não faz sentido”, revela Johannes Quandt, director de retalho da Ecco portuguesa. O objectivo é posicionar a marca noutro patamar e não por uma questão de quebras de vendas que o grupo garante que estão a aumentar. Em termos de contas, o investimento nas lojas depende do espaço, da área, da localização.

Mudanças no design
A estética também é alvo de alterações. A Ecco desenhou mudanças no tradicional design escandinavo. As novas colecções têm cores mais arrojadas e sapatos de salto alto. “É uma mudança na percepção conservadora”, adianta Gustavo Kremer, director-geral da Ecco em Portugal. Mas não abre mão de uma das suas principais imagens de marca. “O conforto é a chave do nosso design”, sublinha Kasprzak, CEO do grupo. A tecnologia é outra ferramenta importante e a Ecco apresenta-se como líder de injecção directa. “Um dos nossos sucessos é termos fábricas próprias. Combinamos o trabalho artesanal com um processo muito automatizado numa indústria que ainda emprega muita mão-de-obra”, diz Kremer.

A Ecco chegou a Portugal em 1984 para instalar uma fábrica que fornecesse gáspeas à empresa dinamarquesa. Os planos tornaram-se mais ambiciosos e a unidade fabril portuguesa fechava o ano de 1997 com 4,3 milhões de sapatos e com toda a cadeia de produção a funcionar em pleno. A estratégia alterou-se no início de 2006 com o despedimento de 369 trabalhadores que, na altura, representavam 60% do quadro de funcionários. Três anos depois, a produção era encerrada na fábrica de Santa Maria da Feira e ficaram apenas 120 funcionários na área de investigação e desenvolvimento. “Perdemos habilidade de manter um negócio competitivo em Portugal”, recorda Gustavo Kremer.

Em 2010, o principal centro de investigação e desenvolvimento do grupo instalava-se em Portugal. Um ano depois, a Ecco perdeu seis milhões de pares de sapatos devido a uma inundação na fábrica na Tailândia. Portugal retomava a produção de sapatos.

De 120 trabalhadores em 2009 passou para 1169 em 2015. Além de Portugal, a Ecco tem fábricas na Eslováquia, China, Indonésia e Tailândia. Emprega, no total, 19.800 trabalhadores, está em 1.215 lojas na Europa, América e Ásia, em 3000 pontos de venda, e tem ainda as suas próprias unidades de produção de peles na Holanda, Indonésia, Tailândia e China. 

 

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