Israel suspende detenção de palestiniano em greve de fome

Mohammed Allan, de 31 anos, protestava há dois meses a sua detenção sem acusação.

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Manifestante em acção a favor da libertação de Mohammed Allan Amir Cohen/Reuters

O Supremo decidiu esta suspensão considerando que face à informação dos danos de Allan este não constituída perigo imediato. Se e quando o detido melhorar, a situação será reavaliada, decidiu ainda o tribunal.

A equipa clínica voltou a pôr Allan em coma induzido, o que fazem já pela segunda vez. Após o primeiro coma, o seu estado tinha melhorado e os médicos reverteram o seu estado no início da semana. Consciente, o detido tinha concordado em tomar vitaminas até à data da sessão em que o Supremo decidiria sobre o seu caso, esta quarta-feira. Se a decisão não fosse a libertação, ameaçava parar de comer e beber água. Isto resultaria, avisaram os médicos, na sua morte a muito breve prazo.

Mas a nova informação sobre os danos, que os clínicos atribuem a carência de vitaminas, não levou a uma esperada revogação da detenção, apenas à sua suspensão.

Allan tornou-se o novo símbolo contra a detenção administrativa, uma medida que permite a Israel deter sem acusação pessoas que considere ser perigo iminente mas contra as quais não tenha provas. As autoridades apenas precisam de renovar o pedido a cada seis meses. A média de tempo de detenção é de quase um ano, e há neste momento 400 presos palestinianos detidos administrativamente.

Após a morte de um bebé palestiniano, vítima de um ataque de judeus extremistas na Cisjordânia ocupada por Israel, o Estado hebraico anunciou que passaria a aplicar esta medida também a judeus, e fê-lo pela primeira vez a 5 de Agosto

A morte do bebé levou a uma maior tensão entre israelitas e palestinianos.

Israel estava perante o dilema de contribuir para o agudizar da tensão se Allan piorasse e morresse, ou contribuir para mais greves de fome de outros detidos em situações semelhantes caso a pressão de Allan resultasse.

Em Julho, Israel libertou um detido palestiniano em condições semelhantes, Khader Adnan, que também fez uma greve de fome que durou mais de 50 dias e o deixou em perigo de vida. Tal como Allan, também Adnan, 37 anos, era acusado de pertencer à Jihad Islâmica. Adnan tinha já feito outra greve de fome, de 66 dias, quando esteve detido em 2012 – desta vez, acabaram por fazer greve cerca de 2000 detidos palestinianos em protesto pela política de detenção.

Dados sobre a detenção administrativa da organização de defesa de direitos humanos B’Tselem mostra que o número de detenções administrativas sofreu uma descida desde 2012. 

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