Alforrecas e caravelas-portuguesas nos Açores sob escrutínio

Até agora, houve cerca de 100 avistamentos.

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Uma água-viva (à esquerda) e a caravela-portuguesa (à direita) DOP

“Recebemos entre 50 e 100 registos até ao momento”, revelou o biólogo Carlos Moura à agência Lusa, acrescentando que são sobretudo os nadadores-salvadores que dão conta dos avistamentos, mas o objectivo é que cada vez mais o cidadão comum colabore.

O projecto é do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) das Universidade dos Açores, em parceria com o Instituto do Mar (Imar). E a investigação está a ser coordenada pelos biólogos marinhos Carlos Moura e João Gonçalves e pela oceanógrafa Ana Martins.

“O maior número de registos é de São Miguel, mas isso terá a ver com o facto de haver mais gente por quilómetro quadrado. Participam mais, mas também pode ser por ser a ilha maior. Vamos ter de analisar os dados”, disse Carlos Moura, apelando à participação dos cidadãos de todas as ilhas.

Segundo Carlos Moura, nos Açores não existiam, até agora, estudos de monitorização para as águas-vivas e as caravelas-portuguesas e, consequentemente, muito pouco se sabe sobre a sua biologia, variabilidade genética e distribuição no arquipélago. As águas-vivas (também conhecidas por alforrecas ou, ainda, medusas) são espécies marinhas de corpo mole com tentáculos com células urticantes. As caravelas-portuguesas (Physalia physalis), por vezes confundidas com as alforrecas, são colónias de diferentes organismos celulares.

O biólogo adiantou ainda que este registo online pretende também auxiliar as políticas de gestão pesqueiras e medidas de protecção de costa para actividades marítimo-turísticas. Para tornar mais fácil a participação da população, há a intenção de criar uma aplicação para telemóvel, com mapas.

“Isto é uma fase inicial. Vamos a ver se para o ano conseguimos fundos para ter uma aplicação, com mapas interactivos, para que as pessoas possam dizer diariamente onde está a haver registos”, referiu Carlos Moura. No último Verão, banhistas de várias zonas dos Açores alertaram para uma maior concentração de águas-vivas.

O biólogo referiu que existem diversas hipóteses sobre as grandes agregações de medusas, tais como a influência dos ventos, das marés, correntes oceânicas, temperatura da água, nutrientes, fitoplâncton, variabilidade sazonal e interanual, poluição marinha, reprodução das espécies e declínio de predadores naturais, como tartarugas e algumas espécies de peixes.