Baleada por ex-companheiro que a ameçara de morte
Vítima foi transportada em estado considerado grave para o Hospital de Santa Maria da Feira
O homem de 53 anos e a mulher de 36 tinham-se separado por mútuo acordo há cerca de quatro meses. Quando ele quis retomar o relacionamento ela disse-lhe que não. Esta segunda-feira de manhã fez-lhe uma espera à porta da moradia onde trabalhava como empregada doméstica. Com uma pistola de calibre 6.35, fez o primeiro disparo ainda na rua, atingindo-a entre a zona abdominal e a perna. Vítima e agressor chegaram a envolver-se numa luta corpo-a-corpo e acabaram por entrar dentro da vivenda, de cuja proprietária, grávida de cinco meses, acabou por fugir saltando um muro com uma filha de três anos. Acabou por ter de se sujeitar a observação médica, depois do sucedido.
Já no interior da residência o homem, biscateiro de profissão e a aguardar julgamento por furto de gasóleo, disparou a arma uma e outra vez, até se lhe esgotarem as balas. A seguir telefonou para o Instituto Nacional de Emergência Médica, a pedir auxílio.
Antes de chegarem os médicos e a GNR ainda teve tempo de esconder a pistola na zona de mato defronte da casa onde tinha aguardado a chegada da antiga companheira. Acabou por não oferecer resistência quando os guardas o detiveram. Deverá ser presente esta terça-feira a tribunal. O caso foi entregue à Polícia Judiciária do Porto, que encontrou a arma no matagal depois de alertada por testemunhas.
A vítima foi transportada pelos bombeiros de Lourosa para o hospital, não correndo perigo de vida. Depois da separação, tinha sido várias vezes ameaçada de morte pelo antigo companheiro, que já lhe tinha inclusivamente mostrado a pistola. A última vez tinha sido na semana passada, quando o biscateiro tentou introduzir-se na sua residência, partindo vidros da casa. Acabou por não conseguir entrar, tendo a mulher apresentado queixa na GNR. A guarda pediu ao tribunal um mandado para deter o agressor, mas o documento ainda não tinha sido emitido.
Ascende já a 19 o número de mulheres assassinadas desde o inicio do ano em contexto de violência doméstica - uma cifra mesmo assim inferior ao período homólogo de 2014. Segundo os dados mais recentes sobre o crime de violência doméstica divulgados pela Direcção-Geral da Administração Interna, em 2013 apenas 17% dos inquéritos abertos na sequência de um crime deste tipo deram origem a acusação, tendo 76% sido arquivados e 6,5 suspensos provisoriamente.
O Governo anunciou entretanto que vai disponibilizar mais de 200 mil euros para reforçar o apoio às vítimas de violência doméstica e criar um apoio para ajudar as vítimas do tráfico de seres humanos que pretendam regressar ao seu país.