FMI aconselha alívio da dívida das empresas viáveis
Empréstimos subiram 0,3% no primeiro trimestre, mas as firmas pequenas tiveram menos financiamento.
De acordo com os dados citados no relatório, os empréstimos às empresas não financeiras aumentaram 246 milhões de euros no primeiro trimestre de 2015, o que significa mais 0,3% do que no último trimestre do ano passado. Mas as grandes empresas usufruíram de um aumento de acesso ao crédito, enquanto os empréstimos às micro e pequenas empresas sofreram uma contracção de 426 milhões, correspondentes a 0,9%. "As empresas orientadas para a exportação e com alta produtividade parecem ter um acesso confortável a financiamento, já que os bancos competem por financiar este segmento", refere o FMI.
Os técnicos do fundo argumentam serem necessárias medidas para reestruturar as dívidas de empresas com potencial para serem produtivas quando aliviadas do peso dos empréstimos e para liquidar as restantes. "As dívidas empresariais deixam os recursos económicos demasiado amarrados a firmas de baixa produtividade e não viáveis, causando constrangimentos aos empréstimos às empresas produtivas e pondo pressão nos novos investimentos e nas perspectivas de crescimento a médio prazo", afirma o relatório.
A linha de argumentação do FMI não vai, porém, ao encontro da posição das autoridades portuguesas, que não vêem nos níveis de endividamento das empresas um problema para o crescimento. "As autoridades mostraram-se preocupadas com o facto de que uma aceleração da reestruturação pudesse pôr em perigo a estabilidade financeira e resultar em liquidez parada nos bancos, com pouco impacto nos empréstimos", nota o documento.
Por outro lado, o FMI observa que, embora o sistema bancário continue "adequadamente capitalizado", o desempenho dos empréstimos continua a deteriorar-se, pondo pressão nas margens dos bancos (este semestre, quatro dos cinco maiores bancos portugueses apresentaram resultados líquidos positivos).
O fundo alerta que os bancos “não devem depender apenas do crescimento económico para repararem os seus balanços” e diz ser necessária uma redução de custos, já que a almofada financeira da banca é pequena para absorver potenciais perdas num contexto de aumento do crédito mal parado.