Caros amigos heterossexuais, o facto de conseguirem ver pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneras) a viverem as suas vidas abertamente nos media e no mundo real não significa que isso seja fácil ou comum. A maioria das pessoas LGBT não vive assim. O que significa é que alguns e algumas de nós (pessoas LGBT) aprendemos a ser mais fortes ou a ignorar as atitudes dos outros em relação a nós. Alguns e algumas de nós lutamos todos os dias para fazer com que seja um pouco mais normal e um pouco mais seguro viver-se abertamente como LGBT.

Não deveríamos ter de fazer esse esforço. Muitos de nós não o conseguem fazer e acabam em situações trágicas. Este é um longo percurso que temos vindo a percorrer e perdemos muitos e muitas pelo caminho.

Nós ouvimos todas as palavras de ódio que as pessoas dizem sobre nós quando não sabem que somos LGBT e também quando sabem que o somos. Nós sabemos o que muitas pessoas nos fariam se tivessem oportunidade. Nós vemos como aqueles que testemunham essas mesmas palavras, desejos e ameaças não as rejeitam, seja porque também eles a subscrevem, seja porque não têm coragem para dizer alguma coisa. Nós notamos as subtis nuances de nojo e estranheza na voz dos que falam sobre nós, mesmo daqueles que nos querem bem.

Sabemos que não é fácil evitar isso, mesmo quando se quer muito. Já estivemos nessa posição. Éramos tal como vocês até ao momento em que percebemos que éramos LGBT. E mesmo depois desse momento também nós em algum momento nos comportámos de forma errada para com pessoas LGBT. Afinal, fomos todos criados na mesma sociedade, com os mesmos preconceitos. Não vos pedimos que sejam perfeitos. Não vos pedimos que lutem por nós. Pedimos que estejam do nosso lado. Pedimos que não façam julgamentos sobre as pessoas LGBT e as nossas vidas, tal como não aceitam que nós façamos sobre as vossas vidas. Pedimos que não subestimem os nossos problemas e as nossas lutas.

As celebrações do Orgulho LGBT estão a começar um pouco por todo o mundo. Pessoas LGBT e nossos amigos, marcharemos em protesto e em celebração, porque não aceitamos ser nada menos do que vocês são nem aceitamos ser nada menos do que nós somos. Vamos ser espalhafatosos e orgulhosos. Iremos cantar e dançar e fazer exigências. Vamos ser provocadores e mostrar os nossos corpos, os nossos afectos e a nossa sexualidade, tal como vocês fazem todos os dias do ano. Não somos diferentes de vós, nem para pior nem para melhor, e iremos deixar isso bem claro. Somos tudo aquilo que vocês são e somos tudo aquilo que nós somos.

Juntem-se à festa e ao protesto, ou saiam da frente.

Nós vamos marchar.