OPEP mantém quota de produção do petróleo nos 30 milhões de barris por dia

Organização considera que não se justifica mexidas e que o preço pode chegar aos 75 dólares.

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Embargo ao petróleo iraniano como forma de pressão contra programa nuclear Behrouz Mehri/AFP

A reunião semestral da liderança da OPEP, realizada em Viena (Áustria) foi, desta feita, menos polémica do que a que a antecedeu, quando países como a Venezuela exigiram, publicamente, um corte no texto máximo permitido pela organização, de forma a contrariar a tendência de recuo de preço. A posição de força da Arábia Saudita, que é o maior exportador à escala global acabou por deitar por terra a vontade dos descontentes.

O cenário no final de 2014 era muito diferente do actual. Fruto de uma conjugação de factores diversos, o preço do crude estava abaixo dos 50 dólares por barril, depois de ter ultrapassado os 120 dólares em 2011 e andar perto dos 110 no final de 2013.

Os picos máximos de há um ano e meio aconteceram quando se começou a sentir, de uma forma mais efectiva, a recuperação da crise gerada pelo subprime, o que abria espaço para um aumento da procura, e quando começou a chegar em força ao mercado o petróleo extraído do xisto (shale oil), principalmente oriundo dos Estados Unidos.

A estratégia imposta pela Arábia Saudita visava manter a cotação do petróleo longe dos máximos que tornavam rentável o investimento em extracção de shale oil e isso acabou por produzir efeitos. Muitas empresas norte-americanas que projectavam investir no petróleo do xisto abandonaram esse caminho e muitas explorações estão a reequacionar a sua actividade.

Em Viena, os ministros decidiram manter o rumo quanto ao tecto máximo de produção, mas assinalam que no passado recente esse valor foi ultrapassado. Segundo a agência Bloomberg, em Maio a produção de petróleo entre os países membros da OPEP quase tocou os 32 milhões de barris por dia, o que aconteceu pelo 12º mês consecutivo, embora a Arábia Saudita tenha os seus níveis de extracção no mais baixo nível em dácadas.

“O mais importante é saber quão elevada a produção irá ser nos próximos meses e não a quota oficial estabelecida”, afirmou à agência Giovanni Staunovo, um analista do mercado de a matérias-primas do grupo financeiro suíço UBS. “Se continuarem a produzir acima dos níveis estabelecidos, então isso poderá querer dizer que a quota se tornou irrelevante”.

O Irão, por exemplo, tem a intenção de aumentar a produção interna em cerca de um milhão de barris por dia logo que as sanções de que foi alvo comecem a ser suavizadas na perspectiva de um acordo nuclear com os Estados Unidos.

À margem da reunião da OPEP, o ministro iraquiano do petróleo afirmava que a organização estima que o preço possa subir para os 75 dólares até ao final do ano, um valor que, segundo um outro responsável, é visto como “justo” pela maioria dos membros da organização.

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