Euribor negativa começa a ser abatida ao spread dos contratos à habitação
Apenas a Euribor a três meses acumula valores negativos, que ainda não anulam a margem comercial do banco.
Mesmo nos empréstimos com spreads mais baixos, de 0,25%, a taxa final dos contratos desce para 0,2395%.
Apesar de um número considerável de empréstimos apresentar margens comerciais de entre 0,25% e 0,50%, a larga maioria dos contratos contém valores superiores, que nos casos mais recentes superam os 2%.
A taxa a três meses entrou em terreno negativo a 21 de Abril, mas a média ainda ficou positiva em 0,005%.
A maioria dos contratos à habitação em Portugal está associada à Euribor a seis meses, cuja média de Maio se fixou em 0,0581%, contra 0,073% do mês anterior. A média da Euribor a 12 meses, um prazo até agora muito pouco utilizado em Portugal, mas que começou a ser praticado por alguns bancos por ser mais elevada, fixou-se em 0,1644% (0,18% em Abril).
Apesar de só a Euribor a três meses se encontrar em terreno negativo, o que acontece pela primeira vez em termos de média mensal, que é o valor utilizado na revisão dos contratos, todos os restantes prazos atingiram novos mínimos.
Os contratos a rever em Junho vão traduzir-se em novas reduções das prestações, mas o impacto é cada vez menor, porque a componente do spread é fixa e porque quando a taxa desce aumenta a amortização do capital, o que é benéfico para as famílias a médio e longo prazo, porque reduz o valor em dívida.
Ao contrário dos empréstimos, a descida da Euribor tem impacto negativo nas poupanças, designadamente em alguns empréstimos bancários e nos Certificados de Aforro (CA).
Nos CA, a taxa de juro bruta para novas subscrições da Série D, a única que está aberta, a realizar em Junho foi fixada em 0,989%, abaixo do prémio fixo, que é de 1%. Em Maio, a taxa foi de 1,001%. Para os CA das restantes séries, a taxa para as capitalizações que ocorrerem em Junho é de 2,990% para a série C, de 3% para a Série B e de 2% para a Série A.
As taxas do mercado interbancário (fixadas a partir das disponibilidades de empréstimos a realizar entre um conjunto alargado de bancos) deverão manter-se nos actuais níveis baixos por mais alguns meses. O regresso às subidas será determinado pela recuperação das economias da zona euro, onde se começam a verificar alguns indicadores positivos, como a ligeira subida da inflação e a descida do desemprego.