À espera da chave da PT, Altice inaugura call center no Minho
Próximo centro de atendimento dos franceses abre no Verão na Guarda. Altice reafirma compromisso de criar 4000 empregos.
O centro de atendimento a clientes já deu emprego a 46 pessoas e, futuramente, trabalharão nele mais de 150 colaboradores, todas eles falantes de francês, convertendo a Altice na "entidade privada que mais postos de trabalho gera no concelho", segundo o presidente da autarquia, António Cardoso. Para breve está também prevista a abertura de um centro semelhante na Guarda que, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, deverá ser inaugurado em Julho.
Com a abertura do centro em Vieira do Minho (operado pela Randstad Portugal, assim como o da Guarda), a Altice começa a cumprir a promessa de criar 4000 empregos no país – a mesma que fez a Paulo Portas em Outubro, quando os responsáveis da empresa vieram a Portugal formalizar o interesse na PT. A mesma também que Armando Pereira fez questão de recordar esta segunda-feira ao ministro da Economia, António Pires de Lima, numa sessão solene no (praticamente esgotado) auditório municipal, onde disse querer "fazer de Portugal uma terra de futuro, esperança e crescimento".
Depois, debaixo de um sol abrasador, a cerimónia oficial de inauguração do centro teve direito a bênção pelo padre local e descerramento de uma placa pelo ministro. O mesmo governante que, alguns minutos antes, na sessão solene, não regateou nos elogios a Armando Pereira e à Altice, "a empresa detida em 25% pelo herói de Vieira do Minho".
Num auditório no sopé da serra da Cabreira, o ministro voltou a proferir palavras duras contra a antiga gestão da PT, que acusou de andar "ao serviço dos interesses pouco legítimos dos accionistas", e destacou o facto de os franceses terem investido na PT, "num momento tão delicado da vida da empresa" e ainda estarem empenhados em criar postos de trabalho adicionais, mostrando que "acreditam no país".
Na inauguração do projecto minhoto, a acompanhar o homem que deixou Portugal com 14 anos e se fez sócio do francês Patrick Drahi, estiveram alguns quadros da Oni e da Cabovisão (em processo de venda), entre eles os actuais presidentes executivos das duas empresas, Alexandre Fonseca e João Zúquete da Silva, que vão integrar a nova equipa de gestão da PT Portugal, como adiantou ao PÚBLICO fonte conhecedora do processo.
A mesma fonte fez notar que a actual equipa de gestão, incluindo Pedro Leitão, apontado como o sucessor mais provável de Armando Almeida (nomeado em Agosto pela Oi), será toda substituída por ter sido impossível chegar a acordo quanto ao pacote de compensações salvaguardas nos contratos destes gestores, e que a Altice não quis garantir.
Será assim, sem uma equipa de gestão definitiva, que a Altice chegará na próxima semana a Lisboa, na terça ou na quarta-feira, depois de passar um cheque de 5600 milhões à Oi (o investimento total de 7400 milhões contempla 1300 milhões para custos com pensões e reformas dos trabalhadores e contigências legais e fiscais, bem como 500 milhões de euros condicionados a receitas futuras da PT).
Alguns gestores do grupo francês, sob o comando de Armando Pereira, vão conhecer os cantos à casa, escolher os gestores mais indicados para cada pelouro e, sobretudo, fazer contas e saber quem está a mais e onde é possível fazer cortes e poupanças. É entre os quadros de topo que se esperam decisões mais drásticas neste processo de reestruturação. Sem esquecer, claro, os contratos com os fornecedores (como os de conteúdos), que serão todos revistos.
Além do novo presidente executivo, está ainda por definir quem será o presidente do conselho de administração da nova PT. A Altice tem garantido que estes dois cargos serão ocupados por portugueses.