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Astro Homus: os astrónomos para lá da Astronomia
Nos cerca de quatro meses que passou entre astrónomos, Susana Neves tirou a prova dos nove: aquela ideia cinematográfica de que os cientistas são todos loucos e inacessíveis é falsa. Os cientistas — e os astrónomos em particular — são "pessoas normais", com famílias, vícios e "hobbies". Mas, verdade seja dita, com uma "forma abstracta" de ver o mundo que pode parecer algo incompreensível para a maioria. Susana Neves, a fotógrafa que se infiltrou entre astrónomos e os fotografou nos seus locais de trabalho, acredita que, com a sua visão "estética" das coisas, jamais poderia trabalhar nas Ciências do Espaço. Mas, em tom de brincadeira, diz já ter definido a profissão da "próxima vida": "Gostava de ser investigadora." O convite para embarcar nesta aventura baptizada de "Astro Homus" foi feito à fotógrafa portuense pelo astrónomo Pedro Figueira. O projecto foi delineado com a temática dos exoplanetas (planetas fora do sistema solar) como fio condutor e documenta este tema emergente da Astronomia através das principais personagens, nacionais e internacionais, envolvidas na construção do espectrógrafo ESPRESSO para o Observatório Europeu do Sul (ESO). "Este instrumento de grande complexidade tecnológica e precisão, irá começar, a partir de 2016, a recolher dados capazes de moldar o futura do nosso mundo pois pretende detectar um planeta semelhante à Terra em torno de outras estrelas, ou seja, um planeta que possa albergar vida como a conhecemos", lê-se no texto de apresentação do projecto, financiado pela DGArtes. Pedro Figueira queria mostrar os bastidores da Astronomia, o lado humano dos cientistas, e com isso contribuir para uma melhor comunicação da Ciência, explica num comunicado enviado ao P3: “Mais do que um livro de Ciência ou de Astronomia, [é] um livro de pessoas. Pessoas que querem compreender o seu lugar no Universo – e que ao mesmo tempo têm opiniões, ideias e problemas que nos esquecemos que podiam ter. É um puzzle feito com pessoas, peças que não sabem encaixar umas nas outras, e aprendem à custa de tanto tentarem." O trabalho de campo foi realizado no Observatório Roque de los Muchachos, na ilha de La Palma, no Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, no Observatório de Genebra e no Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (este centro e o de Lisboa fundiram-se, no final de 2014, no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA)). Depois de vários meses como exposição itinerante, "Astro Homus" vai ser apresentado este sábado, dia 23, como um livro. No Planetário do Porto, às 16 horas, estarão os dois autores e os investigadores Margarida Cunha e Nuno C. Santos, dois dos retratados, numa mesa redonda onde se vai falar de Astronomia. No dia 30, os autores irão apresentar o livro no Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), como parte da sessão mensal “Noites no Observatório”, organizada pelo IA. A exposição vai manter-se no Planetário do Porto, que reabre em breve com novidades, até 30 de Junho. Passará depois por outros pontos do país. M.C.P.