Avalanche
Ruben Östlund põe em movimento um questionamento que não deixa ninguém incólume.
Mas o que faz Força Maior transcender a mera entomologia niilista é o modo como o formalismo do dispositivo (uma família, fechada numa estância de esqui, ao longo de uma semana) abre espaço para a revelação das personagens: é como se a avalanche que assusta todos se transformasse numa avalanche emocional, que leva toda a gente — incluindo o espectador — a pôr literalmente tudo em causa. E fá-lo na convergência de cineastas tão diferentes como Stanley Kubrick (é impossível não pensar no Shining), Michael Haneke (aqui também se fala de “brincadeiras perigosas”) e Steven Spielberg (a estância de esqui é um outro tipo de “parque jurássico”). Por onde se quiser ver, Força Maior é daqueles filmes que não se fecham.