Conservadores com maioria absoluta no Reino Unido

Com quase a totalidade dos votos apurados, David Cameron pode governar sozinho. Nacionalistas escoceses em alta. Trabalhistas e liberais democratas em baixa. Ed Miliband e Nick Clegg demitiram-se, assim como Nigel Farage - o UKIP foi o terceiro partido mais votado mas Farage não foi eleito deputado.

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David Cameron e a mulher, Samantha, no número 10 de Downing Street esta sexta-feira de manhã: Cameron vai continuar a liderar o Governo britânico LEON NEAL/AFP

Já os trabalhistas de Ed Miliband têm apenas 232 eleitos, num resultado que confirma a votação histórica dos nacionalistas escoceses do SNP, com 56 dos 59 deputados que a Escócia elege.

Além dos trabalhistas, os outros grandes derrotados neste acto eleitoral são os liberais democratas, até agora parceiros de governo dos conservadores. Nick Clegg, o líder, foi eleito, mas o partido ficou pelos oito deputados, perdendo 49 em relação às eleições de 2010. Clegg foi o primeiro a demitir-se, seguiu-se Miliband. 

O Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, anti-europeu e anti-imigração) conseguiu apenas um deputado, e o seu líder, Nigel Farage, não conseguiu ser eleito - e demitiu-se, como prometera fazer.

O galês Plaid Cymru elegeu três deputados e o Partido Verde uma deputada.

David Cameron já fez uma primeira declaração, afirmando que o seu objectivo "continua a ser simples": "Governar para toda a gente no nosso Reino Unido". Esta manhã, bem cedo, twittou congratulando-se com "um futuro mais risonho para todos".

O conservador Andrew Cooper sublinhava no Twitter que David Cameron era o primeiro chefe de Governo “depois do lorde Salisbury em 1900” a conseguir aumentar a sua percentagem de votos após uma permanência no cargo de mais de 18 meses. 

Surpresa
Jornalistas e políticos falavam de uma enorme surpresa com os resultados iniciais desta eleição.

Fontes dos conservadores disseram à Press Association que foram apanhadas de surpresa pela dimensão da vitória, de tal modo que não tinham ainda preparado um guião para a reacção.

Logo mal foram conhecidas sondagens à boca das urnas que davam um resultado catastrófico aos liberais democratas, o antigo líder do partido Paddy Ashdown disse que comeria o seu chapéu se estes se verificassem. Esta sexta-feira de manhã já admitiu a noite “cruel e amarga” para o seu partido e rematou: “Bom, vou mesmo ter de comer o meu chapéu”.

No quartel-general dos trabalhistas, havia incredulidade, mas à medida que o mau resultado não só se materializava, mas piorava, a palavra de ordem parecia ser “decepção”. “Esta foi uma noite decepcionante e difícil para o partido trabalhista”, twittou Ed Miliband.

Um dos pesos pesados do Labour, Ed Balls (o ministro sombra das Finanças), perdeu o seu lugar. “Qualquer desapontamento pessoal que tenha com este resultado não é nada comprado com o sentimento de tristeza que tenho com o que aconteceu ao Labour”, declarou esta sexta-feira de manhã.

Nas primeiras declarações da manhã, um dos focos era a dimensão da vitória do SNP e como poderia Cameron manter o país unido. George Osborne, ministro das Finanças, reconheceu numa entrevista esta manhã que não há uma resposta simples mas lembrou que há planos para dar mais poderes à Escócia.

O resultado na Escócia é uma vitória esmagadora do SNP, que consegue 56 deputados (conservadores, trabalhistas, e liberais democratas têm um cada), uma diferença enorme para os resultados de 2010, quando obtiveram apenas 6, atrás dos 41 do Labour e 11 dos lib dem.

Outro ponto é o referendo sobre a permanência do país na União Europeia prometido por Cameron. Afinal, o UKIP obteve 13% dos votos, e uma ala dos conservadores é profundamente eurocéptica.

O UKIP já reagiu, dizendo que é agora o terceiro partido do Reino Unido em termos de votação nacional, e sublinhando que, apesar de terem vencido em poucos círculos, os seus candidatos “conseguiram um número fenomenal de segundos lugares”.

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