À medida que o querido mês de Agosto se aproxima, a partilha da bela da fotografia com o melhor filtro da refeição mais saudável da tua dieta aumenta exponencialmente. No entanto, (sim, podes admitir) há sempre aquele momento em que a fome aperta e a dieta é quebrada pelo "snack" mais próximo. E ao que parece podes culpar os teus neurónios.
De acordo com um novo estudo do Instituto Médico Howard Huges publicado recentemente na "Nature", existem uns neurónios sensíveis à fome no nosso cérebro, conhecidos como neurónios AgRP, que podem ser os culpados. A verdade é que todos podemos ficar insuportáveis quando estamos com fome, e aquela má-disposição só uma bela refeição a resolve. O que acontece é que estes neurónios, presentes no hipotálamo, são responsáveis pelos sentimentos desagradáveis e por essa má disposição que ninguém aguenta quando está com fome e que torna qualquer lanche irresistível.
Para nós que vivemos num ambiente em que a comida está sempre disponível, os sinais a que somos expostos podem mesmo ser irritantes para quem está de dieta, mas do ponto de vista da evolução humana faz sentido. Os primeiros humanos, quando em busca do seu alimento podiam estar sujeitos a ambientes arriscados e tal só podia acontecer se recebessem um estímulo.
Fazendo então a ligação para os dias de hoje, o líder da equipa, Scott Sternson explicou que as emoções negativas associadas à fome podem tornar a dieta e a perda de peso numa tarefa difícil devido à acção destes neurónios. “Suspeitamos que estes neurónios estão a impor um custo por não estar a lidar com a fome”, acrescentou o investigador.
Chamam-se AgRP
Estes neurónios AgRP não te levam mesmo a comer, mas ensinam a responder às pistas sensoriais que sinalizam a presença de comida no ambiente. Daí ser tão difícil ignorar aquele cheirinho a pão acabadinho de cozer ou o aspecto delicioso daquele bolo de chocolate, principalmente quando estamos com fome.
Para chegar a tal conclusão, os investigadores fizeram diversas experiências comportamentais em ratinhos e através de técnicas de óptica avançada conseguiram monitorizar a actividade destes neurónios. As células estavam activas até encontrarem comida. No entanto, os ratinhos não tinham necessariamente de comer para acalmar a actividade dos neurónios, ou seja, assim que o animal via o alimento ou recebesse algum tipo de sinal que ia ser alimentado a actividade dos neurónios parava.
Se quebrar a dieta é culpa dos neurónios ou não, a verdade é que os comportamentos relacionados com a alimentação são sem dúvida muito complexos e podem ser uma interacção entre diversas populações de neurónios que provocam esta multiplicidade de sentimentos relacionados com o que há muito é considerado um dos maiores prazeres, comer.