Avó, não vou descobrir o elixir da juventude, mas vais ser a primeira a saber!

O futuro da ciência e o seu percurso está também em comunicá-la, em fortalecer a ligação com as pessoas. Não só para que aumentem os seus conhecimentos de ciência, mas também para que percecpionem a sua importância

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Stefan Wermuth/Reuters

"E eu a pensar que ias ser tu a descobrir o elixir da juventude", exclama a avó Lourdes quando lhe tento explicar que por agora deixei as bancadas do laboratório.

Na verdade, como mulher inteligente que é, sabe bem que nunca iria descobrir o tão desejado elixir, mas no fundo o que quer dizer entre as suas sábias entrelinhas é que sabe que existem tantas outras descobertas que a ciência lhe pode trazer. Realmente, este é o primeiro desafio. Explicar-lhe que posso contribuir para essas descobertas de uma outra forma — comunicar, comunicar ciência.

Já sabe que sou bioquímica e até diz orgulhosa no cabeleireiro, quando vai abrilhantar os seus brancos de experiência, que a neta pode descobrir “coisas importantes para as pessoas no laboratório”. Sabe tão bem que sempre que no noticiário aparecem os cientistas de bata branca, ou sempre que o Goucha ou a Cristina evocam a ciência para o programa da manhã, são na certa temas da conversa matinal de sábado para lhe explicar tudo o que ouviu.

São essas mesmas explicações e todos os porquês que me coloca que provam o quanto faz sentido continuar cada vez mais a comunicar ciência para todos, dos mais novos aos mais velhos.

Porquê? Vivemos numa sociedade dependente de ciência e tecnologia, desde o telemóvel que usamos todos os dias aos medicamentos que tomamos ou mesmo aos alimentos que ingerimos. Mas o progresso de uma sociedade está em torná-la cada vez mais informada.

O futuro da ciência e o seu percurso está também em comunicá-la, em fortalecer a ligação com as pessoas. Não só para que aumentem os seus conhecimentos de ciência, mas também para que percecpionem a sua importância, algo fulcral, por exemplo, para compreender as políticas de financiamento.

Expliquei à avó Lourdes que agora, quando for ao cabeleireiro, pode dizer que a neta vai divulgar quando descobrirem coisas importantes para as pessoas no laboratório. E entre uma e outra bolacha caseira, a promessa ficou feita: “Não vou descobrir, mas prometo que vais ser a primeira a saber!”

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