14 imigrantes morreram na Macedónia a tentar chegar à União Europeia
Afegãos e somalis foram esmagados por um comboio durante a viagem para alcançar a Hungria através da rota dos Balcãs.
Para além das travessias do Mediterrâneo a partir do Norte de África, cada vez mais pessoas em fuga da guerra, da pobreza e de regimes repressivos em África e na Ásia tentam entrar na Europa pelo Leste – um caminho mais longo mas considerado menos perigoso do que a travessia do Mediterrâneo. Muitos fazem uma curta mas ainda assim perigosa travessia de barco entre a Turquia e as ilhas gregas, de onde tentam depois continuar de barco até Itália ou a pé através da Macedónia.
Depois de chegarem à Macedónia, tentam passar a Sérvia para chegar à Hungria, que já faz parte da União Europeia.
Não há certezas quanto às nacionalidades das 14 pessoas que morreram na noite de quinta-feira, por volta das 22h30 (hora local, 21h30 em Portugal continental), mas outros migrantes disseram às autoridades da Macedónia que entre as vítimas há cidadãos do Afeganistão e da Somália.
O acidente ocorreu nas proximidades de Veles, uma cidade no centro da Macedónia com cerca de 45.000 habitantes.
O porta-voz da polícia, Ivo Kotevski, disse à agência Associated Press que os migrantes faziam parte de um grupo maior, com cerca de 30 a 40 pessoas – oito deles escaparam ilesos e ficaram à espera das equipas de socorro, e os restantes terão fugido do local. Os oito que ficaram para trás foram levados para Veles, para serem ouvidos pelo Ministério Público.
"O maquinista viu um grupo com dezenas de pessoas em cima da linha e tentou travar o comboio e accionou a sirene. Alguns conseguiram sair a tempo, mas não foi possível parar o comboio. Os que ficaram foram atingidos e atropelados", disse um representante do Ministério Público da Macedónia citado pela agência Reuters.
O comboio que atingiu os migrantes fazia uma ligação internacional entre a cidade grega de Salónica e a capital da Sérvia, Belgrado. Os migrantes percorrem esta linha porque é precisamente essa a rota que fazem para tentarem chegar à Hungria, e porque é dessa forma que conseguem mais facilmente escapar à polícia.
Nos últimos dois meses do ano passado, outros seis migrantes morreram em acidentes semelhantes na Macedónia.
A maioria das pessoas que tentam chegar aos países da Europa Ocidental através da rota dos Balcãs é originária da própria região, principalmente do Kosovo. Segundo os dados da agência europeia Frontex, desde o início do ano foram identificadas nesta rota 32.421 pessoas – 22.606 kosovares, 3963 afegãos e 2742 sírios.
"Ao contrário de outros cidadãos dos Balcãs ocidentais, os nacionais do Kosovo não foram abrangidos pelo regime de isenção de vistos para a entrada na União Europeia, e por essa razão optaram por entrar ilegalmente na Hungria, onde pediram asilo", lê-se no site da Frontex.
A Sérvia autoriza a entrada de viajantes com passaportes emitidos pelo Kosovo desde 2012, apesar de não reconhecer este país como independente. Após apanharem um autocarro para Belgrado, os kosovares tomam outro para Subotica, junto à fronteira com a Hungria, onde pedem asilo, com o objectivo final de partirem para a Alemanha ou para a Áustria. Mas a grande maioria destes pedidos de asilo está a ser recusada.
O número de pessoas que tentam entrar na União Europeia através desta rota tem aumentado de forma significativa desde 2010 – de 2370 nesse ano, para 4.650 em 2011, 6.390 em 2012, 19.950 em 2013 e 43.360 no ano passado.