Metade dos hipertensos tem também o colesterol alto

Estudo da Direcção-Geral da Saúde estima que quase 27% dos portugueses tenham a pressão alta.

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A doença está especialmente mal controlada nos idosos Pedro Cunha (arquivo)

O estudo completo A Hipertensão Arterial em Portugal 2013 será apresentado nesta quarta-feira e tem como base os dados recolhidos pelos cuidados de saúde primários e que contaram com os registos de todos os maiores de 18 anos inscritos no centro de saúde, com médico de família e que em 2013 tinham tido pelo menos duas consultas médicas com avaliação da pressão arterial.

As estimativas apontam para que a prevalência da hipertensão em Portugal seja de 26,9%. A percentagem é mais elevada nas mulheres, com 29,5% do que nos homens, que se ficaram pelos 23,9%. Em todos os casos os números ficam muito aquém de outros trabalhos recentes que apontavam para valores na ordem dos 40%, com metade dessas pessoas a desconhecerem a doença.

Além da prevalência de hipertensão, o estudo procurou ainda analisar outras variáveis nos doentes, “como sejam o peso e altura, obesidade, diabetes, história de enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral”, além da medicação para a pressão arterial e para o colesterol que estava a ser feita e respectivos resultados clínicos obtidos. As conclusões indicam que os idosos não têm a hipertensão controlada e que 50% dos doentes hipertensos têm um valor de colesterol elevado.

O autor do trabalho, Mário Espiga de Macedo, numa nota, salientou que “a melhoria dos registos clínicos” observada nos últimos anos permitiu obter uma “radiografia completa do país em relação ao tema abordado”. Já o coordenador nacional para as doenças cardiovasculares, Rui Cruz Ferreira, explicou à Lusa que este estudo é um ponto de partida importante, uma vez que se trata de uma análise de larga escala que permite ter elementos estatísticos a nível nacional que possibilitem uma intervenção mais dirigida, sobretudo para os mais idosos e para quem tem colesterol elevado – um dos maiores factores de risco.

O cardiologista destacou também as diferenças regionais encontradas, apesar de não haver ainda uma explicação para as diferenças: a administração regional de Lisboa e Vale do Tejo é a que que regista menor taxa de doentes hipertensos, enquanto o Alentejo é a que tem maior prevalência, muito próxima dos valores do Algarve. No que respeita ao controlo da hipertensão por regiões, são verificadas também “diferenças significativas”, principalmente entre a região Norte (cerca de 40% de controlo da doença) e a região do Algarve (cerca de 20%).

Os trabalhos recentes da Sociedade Portuguesa de Hipertensão apontavam para que a prevalência desta doença na população portuguesa com mais de 18 anos fosse de 40%, sendo que só metade das pessoas reconhecem que têm a patologia. Contudo, as amostras eram diferentes. Estimava-se, ainda, que a doença venha a matar um terço dos portugueses e que roube em média dez a 12 anos de vida útil. Para se considerar que a pressão é normal, o valor, medido em milímetros de mercúrio, não deve ultrapassar os 140/90, correspondendo o valor mais alto à chamada pressão sistólica, que corresponde ao momento em que o coração se contrai. Já o valor menor, o da pressão diastólica, é obtido quando o coração relaxa.

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