Estudo pioneiro com portugueses confirma relação entre os genes e a hipertensão

Estudo analisou algumas das variantes genéticas que aumentam a probabilidade de ter hipertensão e também mais sensibilidade ao consumo de sal na população portuguesa.

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O valor ideal de tensão é 120/80 mm Hg Daniel Rocha

O estudo  analisou 16 variantes genéticas de 12 genes relacionados com o risco de hipertensão e com a sensibilidade ao sal. Os investigadores contaram com 1852 amostras que retiraram do estudo PHYSA (Portuguese Hypertension and Salt Study), apresentado há um ano e que envolveu 3729 adultos, sendo a amostra representativa da população portuguesa e que mostrou quase metade dos portugueses sofrem desta doença. As conclusões do estudo indicam que uma das variantes encontradas aumenta em 22% o risco de ter hipertensão e a outra 16%. Pelo contrário, há uma variante que é positiva e quem a tem acaba por ver o risco de hipertensão reduzido em 25%.

Quanto à sensibilidade ao sódio, há duas variantes genéticas que contribuem para que seja mais prejudicial para algumas pessoas, e há ainda mais duas variantes que aumentam em 19% e em 23% o risco de problemas cardiovasculares e de diabetes. O presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, Fernando Pinto, numa nota, considera que os resultados preliminares “são muito interessantes, não só pela magnitude da amostra e pelo elevado número de genes que foram estudados em simultâneo, algo que nunca fora feito no nosso país anteriormente, mas também por confirmarem que na população portuguesa existem algumas pessoas com maior risco de desenvolver hipertensão arterial, quer directamente quer por aumento da sensibilidade ao sal”.

Importância do estilo de vida saudável

Independentemente dos factores genéticos, Fernando Pinto defende que os estilos de vida saudáveis, associados a uma boa alimentação com baixo teor de sal, assim como o exercício físico regular, são também fundamentais na prevenção da doença.

Os dados do estudo PHYSA apresentados em 2013 indicam que uma parte substancial da população sofre de hipertensão arterial (42,2%), mas houve melhorias assinaláveis no tratamento e controlo da doença, entre 2003 e 2012, e o consumo de sal baixou 1,3 gramas por dia. O problema são os mais jovens, que na sua maioria ainda ignoram a patologia.

A prevalência da hipertensão mantém-se praticamente ao mesmo nível do último estudo feito em 2003 (42,1%). Mas os resultados desta investigação indicam que a percentagem de doentes em tratamento (medicados) passou de 38,9% para 74,9%, sendo que 42,6% tinham a doença controlada (casos em que a medicação é eficaz), quatro vezes mais do que há dez anos. Mesmo assim, todos os anos morrem entre 35.000 e 45.000 portugueses com doenças cardiovasculares, a primeira causa de morte no país.

A pressão arterial média também baixou, de 13/8 para 12/7 – os valores ideais são 120/80 mm Hg (milímetros de mercúrio); acima de 140/90 mm Hg já se considera estar numa situação de hipertensão. A hipertensão arterial é uma doença crónica, mas pode ser reversível. A maior parte dos doentes toma medicamentos, mas há casos em que é possível controlar a patologia só com alterações de estilo de vida.

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