Sim é verdade: não sou candidato ao cargo de Presidente da República. Primeiro, porque não posso: faltei às eleições europeias de 1994, porque estava no meio do rio Douro, ao serviço do jornal para o qual então trabalhava. Segundo, porque, mesmo que pudesse, não queria. Não me dá jeito nessa altura.
Porém, e ainda a sete meses das eleições legislativas, ou seja, com muita tinta e votos para correr e contar, não falta quem se coloque em bicos de pé para ver se apanha desprevenida a inefável e inevitável “vaga de fundo”. Por agora, e de acordo com os números mais recentes, há três candidatos anunciados: Henrique Neto, Paulo Morais e Paulo Freitas do Amaral (a este último faltam-lhe metade das assinaturas). Seguem-se as possibilidades Sampaio da Nóvoa, Marinho e Pinto, Carvalho da Silva, António Vitorino, Marcelo Rebelo de Sousa e Santana Lopes. Para já. Porque ainda faltam muitos meses (Março 2016) para que Cavaco Silva dê a vez ao senhor que se segue. Logo, mais nomes surgirão.
De todos estes personagens políticos, gostaria de destacar dois, pelos respectivos percursos, embora distintos, ao longo das últimas décadas: António Vitorino e Santana Lopes. O socialista evitou várias derivas mais esquerdistas enquanto jovem delfim da Frente Republicana e Socialista e, já no PS, putativo candidato a primeiro-ministro, andou pela Comissão Europeia (1999), regressou à pátria, onde desempenha cargos de responsabilidade em cerca de uma dúzia de empresas, ganhou espaço mediático e foi deixando umas “Notas Soltas”. Mas, por causa de um alegado incumprimento no pagamento de impostos pela compra de uma casa em ruínas, em 1997, demitiu-se do cargo de vice-primeiro-ministro e não mais voltou à ribalta da política nacional. Hoje, em 2015, continua a não querer comprometer-se e prefere pairar no conforto da sua nuvem de D. Sebastião.
Já Santana Lopes tem muito que contar aos netos, mas aqui fica um breve resumo. Na política activa praticamente desde 1976, foi adjunto de Sá Carneiro, deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, secretário de Estado da Cultura, presidente do Sporting (pode não parecer, mas acaba por ser um cargo político, se olhado à realidade de então), liderou a Câmara da Figueira da Foz e, mais tarde, acabou sentado na cadeira de primeiro-ministro, devido à abalada de Durão Barroso para Bruxelas. Esteve cerca de seis meses em S. Bento.
À laia de conclusão: desejo que António Vitorino continue com o avental da Maçonaria ao redor da cintura, na gestão de não-sei-quantas empresas, e que Santana Lopes não tire a fita vermelha da cabeça, se mantenha à frente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que ambos continuem como comentadores nas televisões. Por muitos e bons anos.