Moçambique precisa de mais de 270 milhões para reconstrução pós-cheias
Inundações mataram 163 pessoas e afectaram mais de 200 mil.
As últimas actualizações das autoridades indicam que as inundações, que afectaram principalmente o norte e centro de Moçambique desde Janeiro, mataram 163 pessoas e afectaram mais de 200 mil em todo país, além de provocarem a destruição de várias infra-estruturas, nomeadamente pontes, casas, postos de alta tensão, escolas e estradas.
Segundo o titular da pasta da Economia e Finanças, os sectores que serão financiados pelo BAD enquadram-se no Plano Quinquenal do Governo 2015-2019, que foi apresentado na segunda-feira ao parlamento moçambicano, mas deverá sofrer alterações antes da sua aprovação, para acomodar sugestões da sociedade civil e da reunião, no passado domingo, do Comité Central da Frelimo, partido no poder.
"Os sectores que eles estão a financiar encaixam-se perfeitamente no nosso Plano Quinquenal do Governo e isso é positivo", declarou Adriano Maleiane.
Por sua vez, o chefe da delegação do BAD, Samy Zaghloul, disse que a organização financeira está disposta a cooperar com o Estado moçambicano, apoiando o Governo na reabilitação das infra-estruturas destruídas pelas cheias, tendo mais de 600 milhões de dólares (545 milhões de euros) disponíveis para a sua carteira de vários projectos no país.
"Com o apoio, nós abrimos uma janela para cooperar na reabilitação das infra-estruturas que foram destruídas pelas calamidades naturais. Com este gesto, esperamos aliviar o sofrimento das pessoas que foram afectadas pelos desastres no país", afirmou Samy Zaghloul.
Desde o início do ano, Moçambique viveu dois períodos de cheias nas províncias do centro e norte do país.
Em Janeiro, as inundações provocaram mais de 150 mortos, a maioria na Zambézia, alagando campos agrícolas e destruindo a rede eléctrica, tendo deixado mais 300 mil pessoas às escuras durante um mês, e interrompendo a única estrada que liga o centro e norte do país.
O último período de cheias, entre finais de Fevereiro e início de Março, causou pelo menos dois mortos e afectou 41 mil famílias, coincidindo com um surto de cólera que provocou a morte a mais de 70 pessoas nas províncias de Tete, Nampula e Niassa.
Entre Outubro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por cheias, devido à localização a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral. As enxurradas, que têm provocado mortes e perdas materiais, também dão lugar a surtos de cólera, devido ao saneamento deficiente.