Banco Atlântico internacionaliza-se através de Portugal
Instituição financeira de capitais angolanos vai expandir-se para a Namíbia e Moçambique.
No caso do BAI, a sua presença no BPN Brasil era directamente via Angola. O mesmo acontece com o BIC. Apesar de, tal como o BAI, ter uma presença em Portugal, as investidas no Brasil e em Cabo Verde (através da compra de activos dos BPN) foram feitas pelo BIC Angola.
Na Namíbia, o Atlântico vai encontrar um mercado ainda pouco preenchido, ao contrário do que sucede em Moçambique. Neste último país, a liderança cabe ao Millennium bcp (via Millennium bim) e, depois ao BPI/CGD (através do BCI). A última instituição financeira com relevo a surgir em Moçambique foi o Banco Único, de Américo Amorim e da Visabeira, em 2011.
De acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO, o Atlântico Europa está também a analisar a entrada em outro mercado europeu, onde haja potencial de empresas com negócios de exportação para Angola e para o continente africano. A ideia é aumentar a escala da instituição financeira, e dinamizar os negócios empresariais. O banco liderado por Diogo Cunha (ex-Banco BIG, e que substituiu André Navarro em Fevereiro do ano passado) quer ainda crescer no negócio online, onde já está presente. Neste momento, é uma das instituições financeiras que está a disputar a compra do Activo Bank, do Millennium bcp. Para já, está fora dos planos do banco a aposta em balcões.
Além das mudanças que ocorreram na gestão do Atlântico em Portugal no ano passado, também já houve alterações accionistas desde que o banco abriu portas no mercado nacional, em 2009. Se na altura a petrolífera estatal angolana era accionista da instituição, em Angola e em Portugal, agora já não consta da lista de detentores de capital. Em Portugal, o Atlântico Europa é detido a 89,5% pelo Atlântico Finantial Group (com sede no Luxemburgo), a 7% de forma directa pelo Atlântico de Angola e a 3,5% pela equipa de gestão. Já em Angola a equipa de gestão é dona de 21% do capital, a Global Pactum é dona de uns dominantes 72,3%, e o Banco Millennium Angola detém 6,7%. A Global Pactum está ligada a Carlos José da Silva, presidente do banco e accionista directo (foi o seu fundador em 2006).
Depois, entra-se num novo cruzamento de participações: o Millenium Angola reparte o seu capital entre o BCP (50,1%), a Sonangol (29,9%), o Atlântico (15%) e a Global Pactum (5%). Além disso, tanto o Atlântico como a Sonangol estão no capital da Mota-Engil Angola. O quadro podia incluir ainda os russos do VTB, mas a fusão entre o Atlântico e o VTB África anunciada em Fevereiro do ano passado acabou por não avançar.
Quanto a Carlos da Silva, o gestor preside também a uma outra sociedade presente em Portugal, a Interoceânico, que junta capitais angolanos e nacionais. É ainda, desde 2012, vice-presidente do conselho de administração do BCP, onde o maior accionista é a Sonangol (com 19,4%).
No ano passado, o Atlântico Europa registou um lucro de quase 3,8 milhões de euros, mais 71% face a 2013. O banco opera junto de clientes particulares, empresas e institucionais, com serviços que vão desde depósitos a assessoria financeira e projectos de internacionalização, passando por pagamentos internacionais e financiamentos.