Blair deixa de ser emissário para o Médio Oriente
Fracos resultados, relações tensas com os palestinianos e polémicas actividades empresariais ditam afastamento.
Segundo a edição de segunda-feira do Financial Times, a decisão do ex-primeiro-ministro britânico terá sido forçada por um crescente mal-estar em Bruxelas e Washington relacionado com as péssimas relações que Blair mantém com os principais líderes da Autoridade Palestiniana e com os seus crescentes interesses empresariais na região, principalmente nas monarquias do Golfo.
“Ineficaz”, “inconsequente” e “inviável” são alguns dos adjectivos utilizados por fontes ouvidas pelo Financial Times para justificar a pressão exercida sobre Blair para ele “redefinir o seu papel” no processo de paz israelo-palestiniano e no Médio Oriente.
O ex-primeiro-ministro britânico já terá comunicado a sua decisão ao secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e à chefe da política externa da União Europeia, Federica Mogherini, ficando a faltar um anúncio oficial que deve acontecer ainda esta semana.
Tony Blair foi nomeado para este posto em Junho de 2007, para organizar a ajuda internacional e guiar as iniciativas de apoio à economia e às instituições palestinianas, preparando terreno para a eventual criação de um Estado palestiniano. Não teve, e não era suposto ter, qualquer papel formal nas negociações de paz entre Israel e os palestinianos, mas a ausência de progresso levou os críticos a questionarem o seu trabalho ao longo de quase oito anos e a denunciarem uma clara proximidade com Israel que levou à deterioração das relações com os palestinianos. O papel decisivo que teve, ao lado do então Presidente dos EUA George W. Bush, na guerra do Iraque também não o ajudou a cair nas boas graças entre as populações árabes da região