A Europa e a igualdade entre homens e mulheres: uma história inacabada
A Europa é um "bom sítio" para uma mulher viver, mas temos de envidar todos os esforços para que assim continue ou seja ainda melhor.
O meu objectivo neste domínio não é passarmos a ser todos iguais, mas ter a certeza de que homens e mulheres têm as mesmas oportunidades, direitos e liberdades.
Nove em cada dez europeus consideram a igualdade entre homens e mulheres um valor essencial para uma sociedade mais justa. Dois terços dos europeus consideram que há hoje, no seu país, menos desigualdade entre os homens e as mulheres do que na década passada.
Congratulo-me com o facto de os homens pretenderem ter uma maior participação em actividades que durante muito tempo foram consideradas "reservadas às mulheres". Os homens ficam felizes por poderem beneficiar de uma licença parental, algo que não ocorreria sequer aos seus próprios pais.
Mas continuam a registar-se situações de desigualdade. Cerca de três em cada cinco europeus consideram que as diferenças de tratamento entre homens e mulheres continuam a ser uma prática generalizada no seu país. Em Portugal 59% dos homens e 66% das mulheres acreditam que é esse o caso.
Partilho a opinião dos meus concidadãos europeus: a igualdade entre homens e mulheres não é um dado adquirido, temos ainda muito trabalho pela frente para garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades ou o mesmo reconhecimento que os homens.
As mulheres devem participar em todos os aspectos da vida em sociedade em condições de igualdade, incluindo os cargos de chefia, tanto nas empresas como no sector público.
A taxa de emprego das mulheres é, actualmente, de 62,5%, contra 74,3% no caso dos homens. Continua a ser mais difícil para uma mulher entrar no mercado de trabalho do que para alguém do sexo masculino. No entanto, a economia europeia precisa de todo o potencial e de todo o talento que as mulheres têm para oferecer. Não podemos desperdiçar esse talento.
Além disso, os salários das mulheres continuam a ser, em média, 13% inferiores aos dos homens. As mulheres são mais susceptíveis de aceitar um trabalho a tempo parcial ou de interromper as suas carreiras para cuidarem dos filhos ou de um familiar. Esta desigualdade continua a verificar-se no caso das pensões de reforma das mulheres que são, em média, 39% mais baixas do que as dos homens.
Por último, gostaria de chamar a atenção para o fenómeno que é mais alarmante, a violência contra as mulheres. Na União Europeia, uma em cada três mulheres foi já vítima de violência física ou sexual. Esta situação é absolutamente inaceitável.
A igualdade entre homens e mulheres é uma das minhas principais prioridades enquanto comissária da Igualdade de Género.
Quero definir, nos próximos meses, formas de garantir um melhor acesso das mulheres ao mercado de trabalho e aos cargos de topo. A Comissão Europeia também se esforçará por que sejam oferecidas estruturas de acolhimento de crianças, de qualidade e em número suficiente, incluindo no pós-escolar, bem como apoio para as pessoas que cuidam de outros dependentes. Vamos avançar com muita determinação, tomando medidas efectivas para acabar com a violência contra as mulheres.
Comissária europeia da Justiça, Consumidores e Igualdade de Género