Nomeação de Serge Lasvignes para o Centro Pompidou surpreende meios artísticos
O actual secretário-geral do Governo francês, Serge Lasvignes, vai substituir Alain Seban no Centro Georges Pompidou. Sem ligações ao mundo da arte contemporânea, este funcionário de topo do Estado vai gerir um museu que recebe mais de cinco milhões de visitantes por ano.
O diário Le Figaro fala de "dança de cadeiras" e cita uma "fonte próxima do processo" que vê na nomeação deste alto funcionário do Estado, sem nenhum currículo conhecido no domínio da arte contemporânea ou no da gestão cultural, um modo de atribuir o seu cargo ao actual secretário-geral do Conselho Constitucional, Marc Guillaume.
Com 61 anos, Lasvignes é secretário-geral do Governo desde 2006, mas antes de se ter tornado um funcionário de topo na administração francesa ensinou literatura durante sete anos e, diz a imprensa, é um grande leitor e um apreciador dos clássicos. O que não o torna necessariamente apto a dirigir um dos maiores museus de arte moderna do mundo, que recebe anualmente mais de cinco milhões de visitantes, tem um orçamento anual de cem milhões de euros e emprega cerca de mil funcionários.
A nomeação de Lasvignes, que deverá ser oficializada esta quarta-feira, vem colocar um ponto final aos rumores que apontavam como favoritos à sucessão de Seban (que se mostrara disponível para assegurar um novo mandato de três anos) o escritor e diplomata Olivier Poivre d’Arvor, actual director da rádio France Culture, ou o historiador de arte Éric de Chassey, director da Villa Medici, em Roma.
"É o regresso da opacidade", criticou já a ex-ministra da Cultura, Aurélie Filippetti, substituída em Agosto de 2014 por Fleur Pellerin. No que é visto como uma tentativa de justificar a escolha de alguém com o perfil de Lasvignes, a actual ministra tem por sua vez sublinhado a necessidade de se reforçar a dimensão interdisciplinar do Centro Georges Pompidou, que, a par das artes plásticas, tem acção relevante noutros domínios, da literatura à música e do design ao cinema.
E o director do centro assume automaticamente a coordenação de duas importantes instituições com personalidade jurídica própria, a Bibliothèque Publique d’Information, uma grande biblioteca de leitura pública, e o IRCAM, um centro de investigação de ponta em matéria de criação musical fundado em 1969 por Pierre Boulez.