Fotografia
A última refeição de condenados à morte
O projecto "No seconds" (tradução livre "Sem Secundar") retrata as últimas refeições de vários condenados à morte dos Estados Unidos da América. Todos, à excepção de Angel Nieves Diaz, que preferiu nem comer, usufruiram do direito à última refeição personalizada concedida pelo Estado: Ronnie Lee Gardner saboreou a sua última refeição assistindo à trilogia "O Senhor dos Anéis", Ronnie Threadgill não teve a mesma sorte e comeu o mesmo que todos os outros reclusos da sua ala prisional, dada a extinção da tradição da Última Refeição no Texas, em 2011.* John Wayne Gacy encomendou KFC porque antes de ser condenado tinha sido gerente de três restaurantes dessa cadeia de 'fast food'. O famoso bombista de Oklahoma Timothy McVeigh pediu apenas duas bolas de gelado de menta com pepitas de chocolate. Todos estes pedidos levaram o autor do projecto Henry Hargreaves a sentir-se identificado com alguns dos condenados. Revela no seu website que "investigando sobre este tópico conseguia humanizar aquelas pessoas" e que por momentos se identificava com elas graças a esse denominador comum, a comida. O fotógrafo neo-zelandês, ex-modelo de alta costura, descreve como surgiu o projecto: "Enquanto lia sobre esforços para a extinção da tradição da Última Refeição no Texas [EUA], algo chamou a minha atenção. No momento mais anti-natural que existe (o da morte patrocinada pelo Estado) que tipo de pedidos de última refeição teriam sido feitos? Na Nova Zelândia (de onde sou natural) e em quase todos os países desenvolvidos, a pena de morte nem sequer se equaciona, é apenas um vestígio de uma era anterior. Esta pequena amostra de civilidade, "Vamos matar-te, mas o que te apetece comer?" saltou-me à vista."
* Na lei do Texas, o direito à Última Refeição personalizada teve início em 1924 e foi abolida em 2011, na sequência de um incidente com o recluso Lawrence Russel Brewer que recusou comer a última e enorme refeição que havia encomendado, alegando não ter fome.