Parece que foi ontem. Mas, não. Já passaram 30 anos desde o lançamento do Atari ST. É claro que agora muitos podem estar esquecidos desta fantástica máquina, ou talvez nem saibam da sua importância. Provavelmente, só conhecem a Atari por estar ligada ao Pong, Asteroids e... ET. No entanto esta mítica marca teve também um grande historial ligado aos computadores.
Começando pelo início, bem, na verdade, tudo começou quando a Warner Communications vendeu a divisão de computadores Atari Inc. a um dos ex-fundadores da Commodore. O seu nome era Jack Tramiel e ficou conhecido por ser um homem de negócios implacável, aliás, as suas filosofias eram “os negócios são como guerra” e “negociar é como o sexo, temos de estar envolvidos”. Por outras palavras, Tramiel não era para brincadeiras.
Inaugurada em 1984, a então denominada Atari Corporation, dedicou-se inicialmente só a produzir computadores, deixando as consolas de lado. Pelo meio, ainda houve uma série de negociações falhadas com a Amiga Corp, e processos jurídicos contra a Commodore. A história é complexa para ser explicada em poucas palavras. Mas, mais importante para esta pequena crónica, em 1985 a Atari lançou no mercado o seu novo computador – o Atari ST.
Ao certo ninguém sabe o que significa ST, uns afirmam ser as iniciais do filho de Tramiel (Sam Tramiel), outros que é um acrónimo das capacidades técnicas do computador. Acreditem em quem quiserem.
Talvez o maior problema do ST fosse o... Commodore Amiga. Mesmo pelos padrões de hoje, as discussões entre os possuidores destes dois sistemas eram intensas. Ambos tinham o mesmo processador M68000 de 16-Bits, uma estrutura semelhante, e um SO com GUI. As diferenças estavam nas placas adicionais do Amiga, que o colocavam à frente em termos tecnológicos.
Títulos que saiam no ST e Amiga eram logo colocados em discussão. E sim, grande parte das vezes, as versões do Amiga eram superiores. Mas nunca de forma escandalosa. O importante no meio disto tudo foi que ninguém sentia que tinha uma máquina má, eram simplesmente diferentes, e no entanto, muito iguais.
“Jackintosh”
Permitam-me avançar um bocado no tempo, sensivelmente até 1988, altura em que um amigo meu disse-me que ia comprar um Atari ST. Quando fomos à loja, o vendedor simpaticamente mostrou-nos o Atari ST, falou-nos das suas capacidades multimédia, e como o computador era excelente para músicos (devido à porta MIDI), assim como para trabalhos gráficos - durante muitos anos o ST era a alternativa económica ao Macintosh, tendo até sido apelidado de “Jackintosh”, um trocadilho com o nome de Jack Tramiel e o computador da Apple. Ora nenhum de nós estava interessado nalguma dessas coisas, mas o Atari ST sempre era mais barato que o Amiga.
Comparado com o Spectrum 48K que eu tinha, o Atari ST parecia de outro mundo! As cores e som nem tinham comparação, e claro, os jogos... aí, que salto monumental em termos tecnológicos! Títulos como Defender of the Crown, Captain Blood, No Second Prize e Dungeon Master eram verdadeiramente impressionantes.
Conforme os anos foram passando, o Atari ST recebeu várias versões ou actualizações, e só mesmo nos anos 90 a denominação ST desapareceu aos poucos, dando azo depois ao Atari TT e Atari Falcon. Mas por esta altura já era mais que evidente que o mercado dos computadores estava-se a focar no padrão dos IBM PC. Todas as empresas de computadores com formatos proprietários eventualmente desapareceram. Quanto à Atari, Tramiel saiu, e deixou os filhos a cuidar da empresa, tendo estes focado-se na sua nova consola, a Atari Jaguar... mas isso é uma história que fica para outro dia.