A imagem é desconcertante: Não parece, mas pouco passa das nove da manhã e espera-se pelo vice-primeiro-ministro num circunspecto auditório da faculdade de Economia da Universidade Nova. Paulo Portas viria a dar uma espécie de aula de economia, também ela motivacional, mas já com a sala em silêncio.

Os mais de 40 minutos de sessão motivacional, com muita linguagem corporal, acabaram com uma selfie improvável (tirada do palco para o auditório e uma moldura kitch de luzes verdes e vermelhas intermitentes) tirada pela equipa de animação contratada, ao som de All You Need Is Love e muitas palmas da plateia.

Minutos de descontração que fazem arrancar o segundo dia de formação destes jovens – a média de idades é de 25 anos – que só ao final desta sexta-feira vão saber qual o seu país de destino do estágio proporcionado pelo programa apoiado pelo Aicep (Agência de Investimento e Comércio Externo de Portugal). Pode ser Estados Unidos, Brasil ou Moçambique. Mas levam algumas lições de Paulo Portas que conseguiu calar o ânimo da sala, depois de entrar ao som de um êxito de Anselmo Ralph: ‘Agora não me tocas…’.

Assumindo-se como quem “puxa pelas marcas portuguesas, pelas empresas” um pouco “por todo o mundo”, o vice-primeiro-ministro incentivou estes finalistas a serem eles próprios bons embaixadores de Portugal nos próximos meses. “Quando vos fizerem perguntas sobre Portugal, saibam os dados”, encorajou, aconselhando a transmitir a imagem de um “país que foi superando etapas e não como um país problema”.

E incentivou os jovens a serem “um ponto focal de uma embaixada no mundo”, com uma “narrativa muito simples: Portugal vai ter, em princípio, um dos melhores crescimentos económicos da Europa”. Ele próprio deixou um “testemunho pessoal”. Nas viagens que faz pelo mundo é habitual encontrar participantes do Inov Contacto e outros portugueses emigrantes. Se cá dentro há “uma certa tendência para a melancolia”, lá fora o ânimo é outro. “Beneficiei de um suplemento de alma de portugueses da vossa geração”. Os que emigraram.

O discurso prosseguiu com os recordes nas exportações e o “espectacular comportamento do Turismo”. Portugal está “fashionable” e explica com um “mix” o porquê: “Que país próximo tem sol, oceano, praia, golf, gastronomia, natureza, património, boas vias de acesso – a dívida serviu para alguma coisa [risos na sala] – facilidade em línguas e espantosa hospitalidade?”.

A lição não serve apenas para incentivar os jovens a “vender” a imagem do país como a produzir. “Muitos de vós já têm pequenas empresas. Nunca se esqueçam que as grandes empresas nasceram de pequenas empresas com grandes ideias”. Apontando aquela geração como a “mais preparada”, Portas lembrou ainda que a relação de forças da economia global está a mudar “gigantescamente” - a China está a superar os Estados Unidos e o Dubai já tem o maior aeroporto.

Como nota final, o vice-primeiro-ministro deixou um conselho mais pessoal para os que vão viver noutro país e lidar com novas realidades: “Têm de estar disponíveis – a meu ver como sugestão – se enfrentarem uma situação inesperada, aceitem pensar nos fundamentos e procurem dar uma resposta pragmática, não sejam rígidos, porque o mundo não o é”. E apelou: “Tenham a atitutde do português mais famoso [Cristiano Ronaldo] – perder não serve, empatar não chega, somos humildes, o que queremos é ganhar”.

Programa resulta em cerca 70% de empregabilidade
Criado há 18 anos, o programa Inov Contacto – Estágios Internacionais para Jovens Quadros - já envolveu 4.000 participantes e em 30% dos casos resultam num convite para ficar na empresa ao fim de seis meses. <_u13a_p>

Os dados entre 2005 e 2014 mostram que dos 30% que foram convidados a ficar, a maioria (perto de 65%) aceitou e que a grande fatia (61%) foi absorvida por empresas nacionais. <_u13a_p>

No total, o Inov Contacto tem cerca 70% tem empregabilidade, o que levou o vice-primeiro-ministro Paulo Portas a classificar o programa criado por um governo socialista como um “passaporte para entrar no mercado de trabalho”. O programa visa apoiar a formação de jovens com qualificação superior em contexto internacional e recebe participantes de várias áreas. Na edição de 2015, a maioria é licenciado em gestão, mas também há quem venha de engenharia, áreas sociais e turismo.<_u13a_p>

Os estágios de seis meses são feitos em 42 países, entre os quais Brasil, Estados Unidos, Moçambique. Até agora, participaram mais de mil entidades, 61% empresas nacionais, 39% estrangeiras. <_u13a_p>

A iniciativa é apoiada pela União Europeia e pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional/Programa Operacional Potencial Humano e gerida pela AICEP.