O Google pode vir a tornar-se um problema para a Uber?

Desde o início da semana que se fala em concorrência entre as duas empresas nas áreas dos carros sem condutor e da partilha de viaturas.

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Sergio Perez/Reuters

A empresa criada em 2009 tem-se expandido mundialmente a uma velocidade considerável e a sua aplicação é considerada uma das mais bem-sucedidas dos últimos tempos - uma avaliação feita no final de 2014 indicou que tem um valor de mercado acima dos 32 mil milhões de euros. Mas o sucesso da aplicação móvel, que fornece um serviço semelhante ao de uma central de táxis, tem sofrido alguns obstáculos judiciais em algumas das mais de 250 cidades onde opera. A empresa tem vindo a ser acusada de concorrência desleal, violação das regras de transportes e de que os motoristas não dão garantias de segurança ao utilizador da aplicação.

Mas talvez o maior obstáculo para a Uber tenha surgido agora. Aquele que era um investidor, e um dos mais importantes até aqui, o Google — além do investimento, o responsável pelo departamento legal da empresa, David Drummond, passou mesmo a integrar a direcção da Uber em 2013 — pode estar a preparar-se para lançar um serviço semelhante ao da empresa presidida por Travis Kalanick.

A Bloomberg Business avançou esta semana que o Google está a preparar um serviço de "boleia", “muito provavelmente em conjunto com o seu longo projecto em desenvolvimento de carro sem condutor”. Segundo o site, terá sido o próprio David Drummond a informar a Uber sobre a possibilidade, tendo sido mostrado a elementos da direcção da empresa imagens daquela que será uma aplicação móvel do Google para um serviço de partilha de viaturas e que está a ser testada pelos funcionários da empresa californiana.

Uma fonte próxima da direcção da Uber adiantou à Bloomberg Business que, após o incidente, a empresa está a ponderar a saída ou não de Drummond da direcção da Uber.

Na segunda-feira, a Uber anunciou uma parceria estratégica com a Universidade Carnegie Mellon para a criação do Centro de Tecnologias Avançadas Uber, em Pittsburgh, Estados Unidos, que se irá centrar no desenvolvimento das “áreas de mapeamento e segurança de veículos e de tecnologia de autonomia”. O objectivo é criar uma frota de táxis autónomos, segundo avançou o site TechCrunch.

Aos pedidos de comentário à notícia da Bloomberg Business, o Google tem respondido com um tweet. “Consideramos que vai verificar que a Uber e a Lyft funcionam muito bem. Nós usamo-las o tempo todo", escreve a empresa. A Lyft é uma aplicação de partilha de viaturas, concorrente da Uber.

O Wall Street Journal cita, por sua vez, uma fonte próxima do processo, que diz que a possibilidade de o Google ter desenvolvido uma aplicação móvel foi avançada “fora de proporção”. A mesma fonte indicou ao jornal que um engenheiro do Google tem estado a testar uma aplicação interna que ajuda os funcionários do Google a encontrar boleia para o trabalho mas que a aplicação não está associada ao programa da empresa de carros sem condutor.

Numa entrevista, em Dezembro, ao Wall Street Journal, o director do projecto Self-Driving Car do Google, Chris Urmson, indicou que a empresa não está interessada em fabricar as suas próprias viaturas mas em tentar encontrar um parceiro com contactos com fabricantes de automóveis no sentido de comercializar um carro com a marca da empresa dentro de cinco anos.

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