Exército nigeriano repele ataques islamistas à capital do estado de Borno
Mais de 100 mortos nas ofensivas de domingo. Recolher obrigatório foi levantado. Kerry disse que os EUA estão “prontos a fazer mais” na luta contra o Boko Haram.
Citado pela Reuters, o repórter Bello Dukku disse que contou mais de cem cadáveres antes de ter deixar a principal morgue da cidade, devido ao cheiro intenso. O número inclui pelo menos 15 soldados e alguns civis. Nos combates de domingo em Maiduguri foram feridas outras cerca de 50 pessoas - acrescentou. Anteriormente, uma fonte militar tinha dito à BBC que morreram dezenas de rebeldes e soldados.
A cidade estava nesta segunda-feira aparentemente calma, com algumas lojas abertas, disse um repórter da televisão britânica. Maiduguri acolhe milhares de pessoas que fugiram de vilas e aldeias conquistadas pelo grupo islamista.
“O recolher obrigatório imposto a Maiduguri foi levantado às 6h [5h em Portugal Continental]. As pessoas já podem voltar ao trabalho”, declarou, citado pela AFP, o coronel Sani Usman, porta-voz do Exército na região.
O governador de Borno, Kashim Shettima, apelou aos habitantes de Maiduguri para não entrarem em pânico nem deixarem a cidade. Na resposta aos ataques islamistas foram usados meios aéreos e terrestres.
Para além de dois ataques a Maiduguri – depois de um primeiro à cidade um segundo visou o aeroporto, segundo a Reuters – o Boko Haram tomou no domingo Monguno, também no estado de Borno, a 130 quilómetros, perto da fronteira com o Chade. Atacou ainda Konduga, a 40 quilómetros da capital do estado, mas os militares informaram ter rechaçado os combatentes islamistas.
Os ataques contra Maiduguri ocorreram um dia depois de o Presidente Goodluck Jonathan ter visitado a cidade, pela segunda vez em 15 dias. Jonathan está em campanha eleitoral – dia 14 de Fevereiro há legislativas e presidenciais – e foi a Borno prometer que “todas as zonas controladas pelo Boko Haram serão reconquistadas”. O candidato oposicionista Muhammadu Buhari tem uma visita prevista para esta segunda-feira a Maiduguri.
A população local acusa do Governo de Goodluck Jonathan de não ter disponibilizado os meios para travar a progressão dos islamistas.
A ofensiva coincidiu também com a chegada a Lagos do secretário de Estado norte-americano, John Kerry. O responsável da administração de Washington disse que os Estados Unidos estão “prontos a fazer mais” na luta contra o Boko Haram. A visita tem também como objectivo sensibilizar os candidatos a respeitarem os resultados das eleições.