Maiduguri é uma cidade estratégica e a sua queda marcaria um avanço significativo para os combatentes islamistas. Ali estão refugiadas milhares de pessoas que fugiram das vilas e aldeias já atacadas e conquistadas pelo grupo.

Segundo os testemunhos obtidos pelas agências noticiosas AFP e Reuters, o Boko Haram avançou com uma grande ofensiva contra a cidade que já tinha tentado conquistar em Dezembro de 2013. A BBC diz que o ataque começou ao romper da manhã, quando se ouviram explosões e tiros nos arredores da cidade. As escolas e as lojas permaneceram fechadas, por segurança.

Uma moradora, Rachel Adamu, disse à Reuters: "Rezem por nós, estamos em perigo e debaixo de um grande ataque". "Há balas a voar por todo o lado. Só ouvimos o barulho de tiros e explosões e um rocket matou uma pessoa do meu bairro que ia fugir da cidade", disse à AFP uma testemunha.

Há notícias de que o exército nigeriano, concertado com a Força Aérea, estava a retaliar, bombardeando as posições dos islamistas do Boko Haram.

O grupo, cujo nome significa "contra a educação ocidental", iniciou em 2009 uma campanha militar pela criação de um estado islâmico no nordeste da Nigéria, onde já controla um vasto território e onde o conflito já fez milhares de mortos e perto de um milhão de refugiados. O estado de Borno tem sido alvo de muitos dos ataques mais recentes.

Esta ofensiva contra Maiduguri ocorreu um dia depois de o Presidente Goodluck Jonathan ter visitado a cidade, pela segunda vez em 15 dias. A população local acusa do Governo de Jonathan de não ter disponibilizado os meios correctos no momento certo para travar a progressão do Boko Haram. O Presidente está em campanha eleitoral — dia 14 de Fevereiro há legislativas e presidenciais — e foi a Borno prometer que "todas as zonas controladas pelo Boko Haram serão reconquistadas". Aos refugiados, disse: "Quero assegurar-vos que muito em breve voltarão às vossas casas".

"Monguno caiu, Monguno caiu", disse à AFP, e sob anonimato, um alto responsável militar nigeriano. "Tentámos fazer-lhes frente durante toda a noite mas eles conseguiram conquistar a cidade e o quartel".

Monguno fica 130 km a leste da capital estadual. A mesma fonte militar relatou que os combatentes islamistas "chegaram em força" e que não houve tempo para retirar pessoas e materiais. "Cremos que as famílias dos nossos soldados estão bloqueadas nas casernas e, claro, os habitantes, homens, mulheres e crianças, devem ser salvos".