O Japão “jamais cederá à chantagem de terroristas”

Jihadistas fizeram um ultimato ao Governo de Tóquio, prometendo executar dois cidadãos nipónicos se não receberem 200 milhões de dólares até sexta-feira.

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O ultimato do Estado Islâmico coincidiu com uma viagem de Shinzo Abe ao Médio Oriente. REUTERS/Toru Hanai

O primeiro-ministro, que se encontrava num périplo de seis dias pelo Médio Oriente, regressou imediatamente a Tóquio e reuniu o gabinete de segurança, para responder à crise dos reféns. “Jamais cederemos à chantagem de terroristas”, frisou Shinzo Abe nas suas primeiras declarações sobre o caso. “Exigimos que os nossos cidadãos sejam bem tratados e libertados imediatamente”, acrescentou mais tarde o porta-voz do Governo, Yoshihide Suga, citado pela Associated Press.

Num vídeo divulgado na terça-feira, com o mesmo cenário desértico das anteriores produções do Estado Islâmico, os dois japoneses aparecem de joelhos, envergando os habituais uniformes cor-de-laranja. Um jihadista, todo vestido de negro, garante que serão executados num prazo de 72, a não ser que Tóquio encaminhe para os cofres do Estado Islâmico, a título de resgate, os 200 milhões de dólares que Shinzo Abe prometera para o apoio financeiro das operações de combate contra os extremistas.

Os reféns foram identificados como sendo o jornalista freelancer Kenji Goto, de 47 anos, e o fundador de uma empresa privada de segurança, Haruna Yukawa, de 42 anos. Os dois terão sido capturados entre Julho e Outubro do ano passado em diferentes zonas da Síria. “Apesar de ficar a mais de 8500 quilómetros do Estado Islâmico, o Japão voluntariamente procurou envolver-se nesta cruzada”, diz o mascarado, dirigindo-se ao líder nipónico.

Numa série de mensagens enviadas para a cadeia televisiva NHK, a organização terrorista esclarece que o sequestro não teve como único objectivo o pagamento do resgate. “A nossa guerra não é económica mas espiritual”, explicaram os jihadistas. No entanto, a mesma cadeia divulgou e-mails enviados à mulher de Kenji Goto em Dezembro, prometendo a sua liberdade mediante uma transferência de 17 milhões de dólares em várias divisas.

O Governo japonês – que já confirmou a autenticidade do vídeo, cuja publicação terá sido pensada para coincidir com a passagem de Shinzo Abe por Jerusalém – não participa na operação militar contra os jihadistas da Síria e do Iraque, mas apoia os esforços internacionais de luta para travar o Estado Islâmico.

A última vez que um cidadão japonês foi raptado por um grupo terrorista, em 2004 no Iraque, o Governo recusou negociar com os sequestradores, que em troca do refém exigiam que o Japão se retirasse da operação humanitária para a reconstrução do país. Mas em situações anteriores, Tóquio aceitou pagar pela liberdade de cidadãos nacionais capturados no estrangeiro.

De acordo com a CNN, o Japão estará a tentar comunicar com os jihadistas através de um intermediário. A imprensa nipónica notava que o país deixou de ter representação diplomática na Síria desde a escalada da guerra civil naquele país, pelo que a única solução seria apelar aos líderes religiosos ou tribais que mantêm contactos com o Estado Islâmico.

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