Sonda europeia Venus Express chegou ao fim da missão
A sonda deverá perder altitude ao longo das próximas semanas, acabando por arder na atmosfera venusiana.
Sem combustível, deixa de ser possível controlar a altitude da sonda. A Venus Express vai portanto “entrar naturalmente nas profundezas da atmosfera [venusiana] ao longo das próximas semanas”, indicou a ESA em comunicado.
Lançada em Novembro de 2005, a Venus Express ficara em órbita à volta de Venus a 11 de Abril de 2006, realizando a seguir um estudo detalhado do planeta e da sua atmosfera. Dava uma volta ao planeta em 24 horas seguindo um circuito elíptico que a levava dos 66.000 quilómetros de altitude por cima do Pólo Sul até a cerca de 250 quilómetros da superfície por cima do Pólo Norte.
A sua missão inicial foi várias vezes prolongada e, na passada Primavera, a sonda empreendeu uma última aventura, uma operação de “travagem atmosférica” – ou seja, um mergulho controlado na atmosfera de Venus.
Durante o Verão, conseguiu assim “surfar” dentro e fora da atmosfera, ficando entre 130 e 135 quilómetros de altitude mínima a cada passagem.
Tendo sobrevivido a esta perigosa experiência, a sonda Venus Express tornou a subir, no fim de Julho, para uma nova órbita, a cerca de 460 quilómetros, para retomar as suas observações. Mas esta órbita degradou-se lentamente sob o efeito da gravidade e a ESA decidiu realizar, no fim de Novembro, uma nova série de manobras para a tornar a elevar e prolongar mais uma vez a missão.
Só que desde 28 de Novembro, os contactos com a sonda têm sido muito limitados e instáveis. “As informações disponíveis mostram uma perda de altitude da sonda, provavelmente devida a problemas de propulsão durante as manobras de elevação da órbita”, declarou Patrick Martin, responsável pela sonda na ESA.
“É portanto provável que a Venus Express tenha esgotado as suas reservas de combustível mais ou menos a meio das manobras que tinham sido programadas no mês passado”, acrescentou.
“Ao longo da sua missão à volta de Venus, a sonda forneceu um estudo completo da ionosfera e da atmosfera do planeta – e permitiu-nos chegar a importantes conclusões acerca da sua superfície”, salientou Hakan Svedhem, responsável científico da missão.
Muitas vezes chamada (erradamente) “estrela do pastor” ou “estrela da manhã”, Venus formou-se na mesma altura e na mesma região do que a Terra, provavelmente a partir de materiais semelhantes. Tem dimensões próximas das da Terra: 95% do seu diâmetro e 80% da sua massa.
Contudo, enquanto a Terra alberga a vida, Vénus é hoje um planeta inóspito. É seca como uma pedra e na sua atmosfera, composta sobretudo de gaz carbónico, reina um intenso efeito estufa que faz subir a sua temperatura para acima de 450 graus Celsius.