War On Drugs e St. Vincent em destaque nas listas dos melhores discos de 2014
Lost in Dream é o álbum de 2014 um pouco por todo o lado: Spin, Q, Uncut, Paste Magazine...
A lista de melhores álbuns do Ípsilon aparecerá na sexta-feira, juntando-se à enxurrada de balanços que surgem anualmente por esta altura. A dispersão de gostos e de géneros, acelerada e extremada desde há uma década, é tudo menos novidade. Ainda assim, no processo de eleição dos melhores do ano pela imprensa, sobressaem alguns consensos. Como os War On Drugs, cujo Lost In Dream surge em lugar de destaque por todo o lado (álbum do ano para a Spin, a Q, a Uncut ou a Paste Magazine; segundo lugar na lista da Mojo; terceiro na do NME).
Se Mark Kozelek, autor de uma das canções tornada polémica de fim de ano, War on Drugs (suck my cock), fosse homem para ficar minimamente preocupado com estas questões de listas (julgamos que não será), talvez lhe desse para compor uma canção com dedicatória às várias publicações que ou não incluíram Benji, o seu álbum de 2014 enquanto Sun Kill Moon, nos seus balanços ou que o colocaram abaixo dos War On Drugs. A Fact pode estar descansada – para a publicação, Benji foi o melhor álbum do ano e na sua lista não há War On Drugs à vista.
Depois dos War On Drugs, apontaríamos St. Vincent e o seu álbum homónimo como figura em destaque: o NME e a Entertainment Weekly dão-lhe o primeiro lugar, a Time põe-na na segunda posição, atrás de uma das revelações do ano, FKA Twigs, com LP1, a Mojo dá-lhe o quinto lugar, logo a seguir a Jack White (presença discreta nas listas com o seu segundo álbum em nome próprio, Lazaretto), a Paste tem-na em segundo, a Rolling Stone em quarto. No caso da vetusta revista musical americana, é seguro afirmar que lugar número quatro de St. Vincent na tabela equivale, na verdade, a uma vice-liderança. Afinal, 2014 foi o ano em que recebemos novos discos de Bruce Springsteen (High Hopes) e dos U2 (Songs of Innocence), ou seja, era seguro que os dois acabariam no topo da tabela (assim foi, primeiro a banda de Bono, depois o Boss). Portanto, e de acordo com este raciocínio, acima de St. Vincent na Rolling Stone apenas os Black Keys, com Turn Blue.
No balanço de 2014 não foram esquecidos os regressos em boa forma de Beck (Morning Phase foi disco do ano na Mojo, por exemplo) e de Aphex Twin (Syro é o disco do ano da Wire), ou a entrada na consciência melómana dos ingleses Sleaford Mods (terceiros na lista da Mojo, nonos na do NME, sextos na Wire). Sharon Van Eten (Are We There), Run The Jewels (Run The Jewels 2), Mac Demarco (Salad Days) ou Damon Albarn (Everyday Robots) são igualmente nomes com presença recorrente nos balanços.
Curioso, como habitualmente, o contraste com as músicas mais ouvidas mundialmente ao longo do ano. Peguemos, por exemplo, no Spotify, a plataforma de streaming predominante. Aí, os músicos mais ouvidos ao longo de 2014 foram Ed Sheeran (variante masculina), Katy Perry (variante feminina) e Coldplay (variante bandas). Foi também de Sheeran o álbum mais ouvido do ano, X, seguido de In the Lonely Hour, de Sam Smith. Quanto à canção mais ouvida, não poderia haver surpresas. Foi fenómeno viral do ano. Isso, essa mesma: Happy, de Pharrel Williams.