Romantismo rock

Os Iceage regressam mais diversos e mais complexos

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A sonoridade dos Iceage é agora mais felina e tensa — e também mais teatralizada

Em dois álbuns, os dinamarqueses Iceage impuseram-se com uma música rock furiosa e niilista, inspirada no punk. O primeiro, New Brigade, era uma amálgama de ruído com ritmos marciais e guitarras estrondosas. O segundo, You’re Nothing, não era tão colérico, embora a rispidez estrutural, o sentido ritualista e a sombra selvagem voltassem a pairar sobre a maior parte das canções.

Plowing Into The Field Love

 é um disco mais diverso e complexo. Claro que se mantêm algumas das características nucleares, como a estilização sombria, as guitarras encolerizadas e uma voz ferida que parece atravessar os dinamismos rítmicos mais dissonantes. Mas agora a sonoridade é mais felina e tensa, com qualquer coisa de teatralizado, recordando algumas das aventuras dos Birthday Party e depois de Nick Cave. 

Mas essas possíveis analogias não escondem um magnífico álbum, feito de guitarras abrasivas e inclinações country em algumas canções, sem que a rugosidade se tenha perdido pelo caminho. A transformação encetada é também seguida pelas letras, com um romantismo desesperado a tomar conta da maior parte das canções. Dir-se-ia que o grupo abandonou alguma da impetuosidade inicial, mas o magnetismo da voz do cantor Elias Bender Ronnenfelt, constantemente à beira da ruptura, e a música do colectivo continuam a garantir-lhe o mesmo tipo de fascínio. Não existem por aí muitos grupos rock assim.

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