MNAA expõe colecção de Franco Maria Ricci, antes de este a guardar num museu em Parma

A 28 de Novembro inaugura-se no Museu Nacional de Arte Antiga a exposição que reúne uma centena de obras da colecção privada do designer italiano. Ficará aberta ao público até 12 de Abril, depois voltará para Parma, onde será inaugurado o museu que passará a albergar estas obras.

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Cristo abençoante, de Filippo Mazzola Archivio Franco Maria Ricci
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Vanitas, de Jacopo Ligozzi Archivio Franco Maria Ricci
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Retrato de Lucrezia Bentivoglio Leoni, de Ludovico Carracci Archivio Franco Maria Ricci
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Capa da edição FMR Archivio Franco Maria Ricci
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Retrato de Clemente X Altieri, de Gian Lorenzo Bernini Archivio Franco Maria Ricci

As palavras parecem faltar ao director do MNAA, António Filipe Pimentel, para descrever a importância de abrigar neste museu uma exposição que reúne cerca de uma centena de obras, entre pinturas e esculturas do século XVI ao século XX, da colecção privada de Franco Maria Ricci, o designer, editor e bibliófilo, nascido em Parma em 1937. “É um privilégio e uma oportunidade para Portugal receber esta colecção de uma figura mítica do século XX”, disse o director na conferência de imprensa que aconteceu nesta quinta-feira, explicando que o desafio ao designer italiano partiu exactamente da direcção do museu.

“Ele faz o que é incomum, o que ninguém se atreveu a fazer, é um homem único, cultíssimo e com gosto refinadíssimo”, justificou, acrescentando que Franco Maria Ricci, actualmente com 76 anos e que estará no MNAA para a inauguração da mostra, está a colaborar activamente com o museu. Pimentel contou aos jornalistas, em tom de brincadeira, que quando visitou o italiano em sua casa em Parma, este lhe perguntou se 25 obras chegariam para aquilo que queriam fazer em Lisboa. Tendo percebido a dimensão da exposição, que conta com a parceria da produtora de espectáculos UAU, que vai investir aproximadamente 350 mil euros, Franco Maria Ricci deu o aval e tem até sugerido peças que tem comprado entretanto. “Entusiasmou-se com projecto e tem sido uma relação absolutamente perfeita.”

Sem uma parceria como esta que foi feita com a UAU, uma exposição assim nunca poderia ter sido feita, garante António Filipe Pimental, explicando que “o orçamento do museu é uma realidade inexistente”. “Tudo o que fazemos é com parceiros.” Também aqui o desafio foi lançado à UAU pelo próprio director, “devido à sua grande experiência de produção de exposições no estrangeiro”. “É mais um passo na aposta do museu na internacionalização”, diz. A promotora ficará então responsável por todo o trabalho que não seja a parte artística do projecto. Não arriscando para já a falar de números, Paulo Dias, director-geral da UAU, diz que “menos de 40 mil visitantes não é número, se assim for não se fez bem o trabalho em algum lado”.

Até ao dia 12 de Abril, vamos poder ver no MNAA obras de artistas como Filippo Mazzola, Jacopo Ligozzi, Philippe de Champaigne, Bernini, Canova ou Thorvaldsen. “É um olhar focado numa espécie de retrato da condição humana, evocado peça a peça, na sua fragilidade, na sua eternidade, na sua precaridade, é uma viagem maravilhosa”, destaca o director, para quem a colecção “vale pelo conjunto das peças que são extraordinárias”. “Sucede que, por sorte nossa, a personagem que reuniu estas peças todas é um dos mitos do século XX, internacionalmente reconhecido e venerado, seria absurdo deixar de fora a personagem que justificou o olhar que conduziu a paulatina aquisição destas peças.”

Uma personagem que se vai desvendando em cada obra exposta, em cada sala do museu, e que surge no final, a título excepcional, evocado na Biblioteca do MNAA, “num núcleo que reúne algumas das mais notáveis edições de FMR”, a revista de arte com as iniciais de Franco Maria Ricci. “A biblioteca é o seu habitat, a sua casa é uma biblioteca.” Paralelamente, está também prevista a realização de conferências e um colóquio, e ainda o lançamento de um catálogo, com o cunho do italiano em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

“Não se pode perceber a reunião destas obras, sem se perceber o que está por trás”, defende o director. Franco Maria Ricci tem uma colecção pessoal de obras de arte com cerca de 400 peças de desenho, escultura, pintura e objectos de artes decorativas, e que só foi ainda mostrada em Colorno, na região de Parma, em 2004. Em Lisboa, Pimentel garante que o que se vai ver “não é a duplicação dessa exposição, mas uma outra forma de mostrar esta colecção”. “Uma forma única e irrepetível”, até porque em Maio de 2015, Franco Maria Ricci inaugurará na sua propriedade, onde vive e trabalha, um museu com estas obras. E esse museu ficará exactamente no centro de mais um projecto grandioso do italiano, o labirinto de bambu, que é já considerado o maior labirinto do mundo. “As peças continuarão a ser solicitadas mas a colecção não voltará a ser vista assim noutro museu”, aponta o director. 

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