Unidades de saúde vão ter cartazes em três línguas para evitar propagação do ébola
INEM já transportou quatro casos suspeitos que se revelaram negativos. DGS criou cartaz para ser afixado nos estabelecimentos de saúde.
É “importante restringir as possibilidades de transmissão do vírus de doentes infectados”, explica o director-geral da saúde, na circular agora divulgada. Francisco George acrescenta que é justamente para evitar o contacto com outros doentes que se encontrem nos estabelecimentos de saúde que as pessoas com sintomas de doença e com “ ligação epidemiológica” devem, “desde logo, ser encaminhadas para um local separado”. O modelo de cartaz divulgado pela DGS “deve ser impresso em tamanho não inferior a A4 e afixado de forma visível à chegado do utente ao estabelecimento de saúde e em todo os sítios considerados necessários, sobretudo antes dos balcões de atendimento administrativo”, sendo as unidades de saúde a decidir os locais mais adequados para os afixar. No âmbito do plano de contingência de actuação face à infecção por vírus ébola, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) voltou a garantir que se preparou para dar resposta e que até à data lhe foram solicitados quatro transportes de casos suspeitos, que se revelaram todos como negativos. Aliás, num destes casos o transporte do doente para a unidade de saúde nem sequer se veio a concretizar porque se percebeu entretanto que o doente não cumpria os critérios clínicos para ser considerado caso suspeito. “As quatro situações ocorreram no mês de Agosto (nos dias 8 e 14), no início do mês de Setembro (dia 2) e na semana passada (2 de Outubro)”, especificou o INEM em comunicado. O INEM explica ainda que tem actualmente equipas específicas - compostas por técnicos de emergência, enfermeiros e médicos - com capacidade de intervenção em todo o território continental e que todos estes profgissionais tiveram formação específica para actuar neste contexto.
“Estamos preparados para ir buscar qualquer doente e em qualquer sítio”
O presidente do INEM, Paulo Campos revelou entretanto à Lusa que o instituto investiu cerca de 200 mil euros na aquisição de material de protecção, contando com cinco “biobags”, uma espécie de casulo para transportar o doente em segurança. Paulo Campos garantiu ainda que o INEM dispõe de uma quantidade “suficiente” de fatos, e lembrou que um profissional só pode usar este fato durante uma hora. “Estamos preparados para ir buscar qualquer doente, em qualquer situação e em qualquer sítio”, assegurou.
O ministro da Saúde Paulo Macedo tinha adiantado, em entrevista à SIC Notícias na terça-feira à noite, que os hospitais portugueses iam receber esta quarta-feira novas informações sobre como lidar com casos suspeitos de ébola.
Defendendo que o risco de o ébola chegar a Portugal é baixo, ainda que não seja nulo, Paulo Macedo acredita que "Portugal está bem preparado" para enfrentar casos suspeitos da doença, mas precisa de se actualizar com as novas informações conhecidas sobre esta epidemia. As declarações do ministro foram feitas no dia em que o director-geral da Saúde adiantou que pediu a uma série de especialistas em biossegurança que reanalisassem "os procedimentos à luz de novos conhecimentos” adquiridos com este surto.
As mudanças não passam por inovações técnicas, mas sim por perceber se os circuitos que estão previstos são os melhores e que falhas podem ter. Na terça-feira, a DGS tinha já divulgado um comunicado em que revelava que está analisar os equipamentos de protecção individual que devem ser usados pelos profissionais. Esta análise da DGS acontece depois de, na segunda-feira, ter sido confirmado que uma auxiliar de enfermagem espanhola foi contagiada com o vírus, naquele que é o primeiro caso de contágio na Europa e fora de África. A profissional tinha atendido um missionário, vítima mortal do ébola no dia 25 de Setembro, num hospital madrileno. O vírus ébola transmite-se através de sangue, secreções, tecidos, órgãos ou líquidos orgânicos de pessoas doentes. Também pode haver transmissão da infecção através do contacto da mucosa ou lesão da pele com superfícies ou objectos contaminados com fluídos orgânicos de um doente. com Lusa