Ministro diz que Portugal terá acesso a soro experimental para tratar casos de ébola

A informação foi dada na Comissão Parlamentar de Saúde, onde Paulo Macedo foi ouvido esta manhã.

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O ministro considerou que o risco de o ébola chegar a Portugal é baixo Enric Vives-Rubio

Além desta questão medicamentosa, Paulo Macedo disse que Portugal tem vindo a preparar-se para dois cenários: “Para a necessidade de repatriamento de um português que tenha sido infectado pelo vírus e para a importação de um caso do exterior”.

Segundo Paulo Macedo, existem 10 camas pediátricas (no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e São João, no Porto), bem como mais 34 camas para adultos, nos hospitais Curry Cabral (Lisboa), e no São João (Porto), prontas para atender possíveis casos de contágio pelo vírus do ébola.

O ministro disse ainda que as orientações relativas à resposta ao ébola estão a ser permanentemente actualizadas, consoante o conhecimento científico.

Portugal equaciona enviar equipa para a Guiné Bissau 
Na mesma audição no Parlamento, o ministro da Saúde anunciou ainda que Portugal está a equacionar enviar uma equipa para a Guiné Bissau para ajudar a população a dar resposta ao vírus do Ébola "na linha da frente".  Segundo adiantou, as autoridades portuguesas têm mantido "contactos sistemáticos" com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), tendo concretizado apoios, ao nível da formação e de envio de material para Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé.

Em relação à Guiné, Paulo Macedo pormenorizou o apoio, revelando que as autoridades de saúde estão a equacionar, conjuntamente com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), a criação de uma "estrutura para prestar apoio benemérito na chamada linha da frente". "É, de facto, no local que poderemos ser mais úteis", disse, adiantando que o director-geral da Saúde vai deslocar-se à Guiné Bissau no próximo dia 17 para avaliar essa possibilidade.

Na sua intervenção, Paulo Macedo defendeu ainda que, em Portugal, "o risco é baixo, mas o caso é sério", referindo-se às probabilidades da entrada do vírus no país.

Aviões com doentes infectados só podem aterrar nos Açores e Lisboa 
O ministro da Saúde esclareceu ainda que as Lajes, nos Açores, e a as zonas do aeroporto civil e militar de Lisboa são as que estão definidas para aterrarem os aviões que transportem doentes com ébola. As expicações surgiram após as notícia sobre um avião, que transportava uma norueguesa com ébola, que viu negada a autorização para reabastecer na Madeira. Em alternativa, foi indicada a capital como a que responderia melhor a uma eventual emergência, segundo um comunicado do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC).

Segundo Paulo Macedo, existem duas zonas aeroportuárias que, em caso de necessidade, são indicadas para aterrar um avião que transporte um doente com estas características: as Lajes, nos Açores, e o aeroporto de Lisboa, na parte civil e militar, se for preciso. O ministro aproveitou ainda para esclarecer que, nos casos em que a autorização de aterragem seja dada, não pode haver qualquer contacto com passageiros do avião, muito menos com o doente, sendo apenas permitido o abastecimento.

Novas informações para hospitais
Numa entrevista ao telejornal da SIC de terça-feira à noite, Paulo Macedo adiantou que os hospitais portugueses vão receber, já nesta quarta-feira, novas informações sobre como lidar com casos suspeitos de ébola. O ministro considerou que o risco de o ébola chegar a Portugal é baixo, ainda que não seja nulo, razão pela qual defendeu ser necessário que haja mais informação para quem viaja do estrangeiro.

Para o titular da pasta da Saúde, "Portugal está bem preparado" para enfrentar casos suspeitos da doença, mas precisa de se actualizar com as novas informações conhecidas sobre esta epidemia. Paulo Macedo disse ainda que a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) é a melhor forma resolver as suspeitas dos portugueses sobre casos de ébola.

As declarações de Paulo Macedo foram feitas no mesmo dia em que o director-geral da Saúde, Francisco George, adiantou que pediu a uma série de especialistas em biossegurança que “reanalisem os procedimentos à luz de novos conhecimentos” adquiridos com o novo surto. As mudanças não passam por inovações técnicas, mas sim por perceber se os circuitos que estão previstos são os melhores e que falhas podem ter

Na terça-feira, a DGS emitiu um comunicado, indicando que está a analisar os equipamentos de protecção individual que devem ser usados pelos profissionais, bem como o contexto da sua utilização.

Esta análise da DGS acontece depois de, na segunda-feira, ter sido confirmado que uma auxiliar de enfermagem espanhola foi contagiada com o vírus, naquele que é o primeiro caso de contágio na Europa e fora de África. A profissional tinha atendido o missionário Manuel Garcia Viejo, vítima mortal do ébola no dia 25 de Setembro, num hospital madrileno.

Desconhece-se de que forma se deu o contágio, mas a imprensa espanhola tem indicado que o protocolo seguido, assim como a protecção usada pela profissional, possam não ter sido os mais adequados. O vírus do ébola já matou quase 3500 pessoas em mais de sete mil casos conhecidos da doença em países da África Ocidental, sobretudo na Guiné-Conacry, Libéria, Serra Leoa e no Gana. A profissional espanhola tornou-se no primeiro caso de contágio deste vírus na Europa.

O vírus ébola transmite-se através de sangue, secreções, tecidos, órgãos ou líquidos orgânicos de pessoas doentes. Também pode haver transmissão da infecção através do contacto da mucosa ou lesão da pele com superfícies ou objectos contaminados com fluídos orgânicos de um doente. com Lusa

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