Fundação Espírito Santo vai tentar “garantir a sustentabilidade económica”

Conselho de curadores e conselho de administração da fundação, afectada pela crise no Grupo Espírito Santo e que agrega Museu de Artes Decorativas e oficinas, reuniram na tarde desta quinta-feira.

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Oficinas de restauro da FRESS DANIEL ROCHA
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O objectivo da reunião era estabelecer a posição dos membros do conselho de curadores, o principal órgão decisivo da FRESS, em relação ao futuro da fundação que tinha o BES simultaneamente como seu mecenas e financiador – cuja crise introduziu “profundas alterações no modelo de financiamento das actividades correntes da fundação”, precisa o comunicado do conselho de curadores. Na mesma nota, “o conselho de curadores, em colaboração com o conselho de administração da fundação” diz estar “a analisar vários cenários e a desenvolver um conjunto de acções no sentido de garantir a sustentabilidade económica, financeira e institucional da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, que oportunamente serão divulgadas”.

A reunião realizou-se esta tarde em Lisboa, presidindo ao conselho de curadores José Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva. O conselho de curadores é ainda composto por José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi, Nuno Espírito Santo Leite de Faria, Maria João Bustorff (ministra da Cultura no Governo de Santana Lopes e neta do fundador) e Maria Salgado Pope Almeida de Carvalho, representantes dos ramos da família fundadora, além de João Marques Pinto, Luís Patrício, Francisco Murteira Nabo, ex-presidente da Galp e da PT, e da vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa Catarina Vaz Pinto – que, soube o PÚBLICO, não esteve presente por motivos de agenda. O conselho de administração da FRESS é presidido por Luís Calado, que presidiu ao antigo instituto do património.

A fundação é uma instituição de direito privado com estatuto de interesse público, criada em 1953 quando Ricardo do Espírito Santo Silva doou o Palácio Azurara (nas Portas do Sol, no centro histórico de Lisboa) e parte da sua colecção privada de artes plásticas e decorativas ao Estado português, criando-se o museu-escola e as 18 oficinas de restauro em talha dourada, mobiliário, azulejo, encadernação e tapetes de arraiolos. Os seus estatutos dizem que cabe ao conselho de fundadores, “constituído maioritariamente por representantes da família do fundador e por personalidades de reconhecido mérito nos meios culturais” , “definir as linhas estruturantes da estratégia”, “assegurar a perpetuidade da fundação” e “acompanhar a gestão corrente” da mesma.

A fundação tem receitas próprias através dos serviços de conservação e restauro ou das propinas escolares, mas o mecenato tem um importante peso nas suas contas para fazer face às despesas de funcionamento da instituição premiada com o prémio Europa Nostra de Instituição Cultural Europeia de 2013. A necessidade de apostar numa maior sustentabilidade do modelo de gestão da FRESS foi sendo tema nos últimos anos, nomeadamente no relatório e contas de 2012, como noticiou esta quinta-feira o Observador, e nas declarações públicas de Luís Calado no mesmo ano, quando se cumpriam os 59 anos da FRESS e quando foram anunciados os cortes de 30% das contribuições do Estado às fundações.

Em Novembro de 2013, e na sequência das alterações decorrentes da Lei-Quadro das Fundações, os estatutos da FRESS foram alterados, deixando o Governo de nomear o presidente da FRESS e saido o estado dos órgãos sociais da fundação.

A FRESS, que tutela ainda Escola Superior de Artes Decorativas e o Instituto de Artes e Ofícios, tem como objectivo “proteger e divulgar as artes decorativas portuguesas e os ofícios com elas relacionadas”, como se lê na apresentação da missão da FRESS no seu site.

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